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MEMÓRIA DA TV

Em 1989, galã da Globo comoveu o Brasil ao deixar novela para lutar contra a Aids

Bazilio Calazans/TV Globo

Lauro Corona e Deborah Evelyn como Manoel Victor e Ruth sentados no banco de uma praça com roupas de época na novela Vida Nova (1988)

Lauro Corona e Deborah Evelyn como Manoel Victor e Ruth na novela Vida Nova (1988)

Thell de Castro

Publicado em 21/11/2021 - 6h44

Há exatamente 33 anos, no dia 21 de novembro de 1988, a Globo estreava a novela Vida Nova na faixa das seis. Escrita por Benedito Ruy Barbosa, a trama ficou marcada como sendo a última de Lauro Corona, que foi obrigado a se afastar da produção antes de seu término.

Além do ator, o elenco contava com nomes como Yoná Magalhães, Carlos Zara, Osmar Prado, Nívea Maria, Deborah Evelyn, Paulo José, Giuseppe Oristânio, Patricia Pillar e José Lewgoy, entre outros.

A Globo caprichou e fez uma brilhante reconstituição da São Paulo dos anos 1940. Após o fim da Segunda Guerra (1939-1945), um cortiço no bairro do Bixiga centralizava a história da novela. No entanto, isso não foi suficiente para despertar a atenção do público.

Após ter papeis de destaque em tramas como Dancin' Days (1978), Marina (1980), Baila Comigo (1981), Elas por Elas (1982), Louco Amor (1983), Vereda Tropical (1984), Corpo a Corpo (1984), Memórias de um Gigolô (1986) e Direito de Amar (1987), Lauro Corona teria em Vida Nova sua última novela.

O ator também apresentou alguns programas na Globo, como Cometa Loucura (1983), Vídeo Show (1983-2019) e Globo de Ouro (1972-1990), sendo um dos campeões no recebimento de correspondências naquela década.

Seu personagem, Manoel Victor, é um português aventureiro que vende tudo o que herdou dos pais e vem para o Brasil tentar a vida. Na viagem, conhece e se apaixona pela jovem Ruth (Deborah Evelyn).

Só que ela é judia, e o amor dos dois se torna impossível. Ele ainda se une a Michel (Luiz Carlos Arutin), seu companheiro de quarto na pensão de Sarah (Aída Leiner), com o propósito de enriquecer rapidamente.

Já debilitado, o ator teve que se afastar da produção em fevereiro de 1989, para tratamento das complicações decorrentes da Aids.

O caso comoveu o Brasil, ainda mais depois da bela cena de despedida do personagem. Manoel Victor partiu de volta para sua terra natal em um carro escuro, em noite de chuva e declamou, em off, o poema Viajar! Perder Países!, de Fernando Pessoa.

De acordo com reportagens da época, o ator se isolou em uma chácara no interior de São Paulo. Ainda havia a expectativa de que ele pudesse retornar às gravações na reta final.

Mas isso não ocorreu. Após perder muitos quilos e o cabelo, Corona ficou na casa dos pais e depois foi internado clínica São Vicente, no Rio, morrendo um mês e meio após o final da novela, em 20 de julho de 1989, com apenas 32 anos.

Autor criou 'quem matou'

Para suprir a falta do personagem de Corona, Benedito resolveu matar o judeu Samuel, vivido por José Lewgoy, "para criar um impacto maior na história", segundo ele mesmo declarou na época.

De acordo com o especialista Ismael Fernandes no livro Memória da Telenovela Brasileira, a novela não pegou porque "faltava um filão central, um fio condutor que despertasse o interesse geral".

A trama, que foi a última de Benedito na Globo antes do sucesso Pantanal, na Manchete, nunca foi reprisada.


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