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MEMÓRIA DA TV

Em 1974, Regina Duarte peitou Silvio Santos e corrigiu injustiça contra Eva Wilma

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A atriz Regina Duarte com expressão séria em cena da novela Carinhoso, exibida pela Globo em 1973

A atriz Regina Duarte com expressão séria em cena da novela Carinhoso, exibida pela Globo em 1973

THELL DE CASTRO

Publicado em 20/2/2022 - 7h29

Hoje longe da televisão e criticada por colegas de profissão desde que deixou a Globo para ocupar, durante pouco tempo, um cargo no governo de Jair Bolsonaro, Regina Duarte surpreendeu o Brasil com um ato de nobreza no dia 12 de maio de 1974. Nessa data, Silvio Santos entregava o Troféu Imprensa para os melhores da televisão no ano anterior. A atriz, no entanto, declarou que o prêmio não era dela, mas de Eva Wilma (1933-2021).

Regina, que vinha de sucessos como Minha Doce Namorada (1971) e Selva de Pedra (1972) e já era um dos principais nomes do elenco da Globo, foi a vencedora na categoria Melhor Atriz por sua atuação na novela da sete Carinhoso (1973), na qual interpretou a aeromoça Cecília.

Mas praticamente todos esperavam que quem ganhasse a estatueta fosse Eva Wilma (1933-2021), pela primeira versão de Mulheres de Areia, da Tupi, em que ela viveu as gêmeas Ruth e Raquel. Assim havia sido, inclusive, na tradicional premiação da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte).

Ao entrar no palco da premiação, exibida pela Globo, veio o gesto inesperado de Regina. "Agradeço, mas este troféu não é meu, e sim da Eva Wilma, pela novela Mulheres de Areia", declarou, recusando gentilmente a premiação e corrigindo uma injustiça que ela mesma reconhecia.

Carta de agradecimento

Nos dias seguintes, o assunto tomou conta do Brasil. Preterida oficialmente pelo Troféu Imprensa, Eva recebeu uma homenagem de seus colegas da Tupi e foi muito festejada pela imprensa e pelo público.

A mídia chegou a noticiar que Silvio Santos ficou aborrecido com o gesto e que estaria fazendo campanha contra a contratada da Globo, o que ele fez questão de desmentir. "Regina mora no meu coração", declarou.

Em seu livro, Eva Wilma contou que ficou surpresa com a atitude da colega de profissão. "Que ousadia e que homenagem gratificante. No dia seguinte, escrevi uma carta de agradecimento e decidimos, John [Herbert, também ator e seu então marido] e eu, levá-la, com flores, ao Rio de Janeiro, para entregar pessoalmente", relembrou.

"Estamos juntas, lutando pelos mesmos objetivos. E senti isso mais intensamente ainda, quando você, ao pisar num palco, para receber mais um prêmio, deixando transparecer toda sua emoção, entregou-me, com um beijo, o seu prêmio", escreveu.

"Quero que você saiba que sua emoção e sua espontaneidade me contagiaram. Mas muito! E sua atitude, de despojamento e, sobretudo, de coragem, uma vez que, a despeito de estarmos vivendo uma época difícil, uma época de competições agressivas, uma época de violências, ainda há lugar para os verdadeiros valores: os valores humanos. E que o que realmente ficará é o amor, o respeito que temos pelo nosso trabalho, a seriedade de nossos propósitos de conseguirmos, através de nossos profissão, transmitir às pessoas alguma coisa de bom... De dar o melhor de nós mesmas", completou, dizendo que o troféu pertencia a ambas.

Eva Wilma acabou sendo reconhecida pelos críticos que votavam no Troféu Imprensa em 1976, quando recebeu a estatueta das mãos de Silvio Santos pela sua atuação na primeira versão de A Viagem, também da Tupi, no ano anterior. Na ocasião, a atriz também foi premiada pela APCA.


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