MESMA TRAJETÓRIA?
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Juliette Freire no BBB 21 e Natália Deodato no BBB 22: ambas foram alvo de colegas do reality
Natália Deodato tem algo a ver com Juliette Freire, a vencedora do BBB 21? Nos últimos dias, a participante do BBB 22 foi atacada diversas vezes no Jogo da Discórdia --inclusive uma dessas ações culminou na expulsão de Maria. Diante das cenas de humilhação que a constrangeram, a mineira foi acolhida pelo público do reality show. Esse fato isolado a salvou do paredão que eliminou Bárbara Heck.
"Natália não era uma jogadora forte como Juliette e Gil do Vigor, que possuíam narrativas claras e envolventes e sabiam utilizar muito bem a dinâmica do programa", explica Flávia Stawski, professora de linguagem estética do curso de Cinema e Audiovisual da ESPM, em entrevista ao Notícias da TV.
"Natália traz temas importantes como a exclusão social, o ser mulher preta e o vitiligo. Mas não consegue engajar a audiência. O Jogo da Discórdia aproximou a candidata do público", afirma.
Flávia analisa Natália e Juliette como semelhantes apenas na superfície. Os pontos que cruzam a história das duas são a exclusão sofrida no início do programa, decepções amorosas e punhaladas de "amigos" pelas costas. No BBB 21, as investidas em Fiuk geraram desconforto no cantor. Este ano, a designer de unhas flertou com Lucas Bissoli, mas ele escolheu Eslovênia Marques para beijar.
"Juliette se dispunha à troca, parava e tentava discutir. Ela entendia que dentro desse jogo a troca era essencial para você fazer suas conexões e seguir adiante. Isso é algo que não vejo na Natália. Ela não busca o entendimento, porque não consegue", destaca a especialista.
"A Jessilane [Alves] e a Lina [Linn da Quebrada], que são outras mulheres negras e periféricas, souberam trabalhar suas trajetórias. Natália traz uma trajetória muito marcada pelo processo de 'nãos' que ela recebe. Porém, se não troca, você não vai para frente, e o público não vê quem de fato você é", compara.
Problemas com os colegas também foram muitos: no ano passado, o modo como a maquiadora falava era um incômodo, assim como seus momentos explosivos foram apontados como agressivos, e os frágeis, de vitimização.
Nesse caso, o psicanalista Jairo Bouer defende semelhanças entre Juliette e Natália: "A Juliette em alguns momentos também sofreu um processo de rejeição, boicote, algumas situações que poderiam parecer uma humilhação, ou gerarem nela uma questão de humilhação muito grande. Isso fez com que o público aumentasse a popularidade e o apoio".
Flávia e Bouer concordam que chegou o momento da designer de unhas sair da zona de conforto e partir para a briga real. "Precisa deixar a situação de vulnerabilidade, de ter esse telhado de vidro, de se sentir completamente fragilizada em algumas situações para ficar mais forte, confiante, poder disputar de igual para igual com os outros. É um processo de autoconfiança, de empoderamento, que eu acho que há uma chance de a gente ver com a Natália nesta edição", opina o psicanalista.
"Parece que o público está um pouco cansado dessa personagem. Se não tivesse o Jogo da Discórdia, ela seria uma boa candidata a ir embora. Fica um assunto que não tem resolução. Temos todas as questões que ela traz, que são graves, mas ela não propõe uma evolução. A Jade [Picon] poderia ficar no 'pobre menina rica', mas entendeu o próximo passo para quebrar esse ciclo vicioso. A Natália precisa muito apertar gatilhos internos e melhorar esse processo. Ela sofreu muito na vida, mas vamos levantar a poeira e sacudir?", conclui a professora.
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