Dramaturgia na Record desce ladeira abaixo: Filão bíblico vira caso de Procon

Após um 2021 com saldo positivo graças a Gênesis, o setor de teledramaturgia da Record deu alguns passos para trás neste ano. A novela Reis virou série dividida em fases e com exibição interrompida em junho e em dezembro. Todas as Garotas em Mim não vingou e teve a segunda temporada descartada. Para completar, a produção dos folhetins passou a ser da Igreja Universal do Reino de Deus e vários atores foram dispensados.

Desde 2019, a emissora não produz uma trama não religiosa. A última foi Amor Sem Igual, paralisada por causa da pandemia da Covid-19, mas que saiu na frente da Globo ao ter capítulos inéditos exibidos no final de 2020. Os folhetins da líder de audiência só voltaram com episódios inéditos em 2021.

No ano passado, Gênesis abocanhou uma parcela de noveleiros que já não aguentavam mais reprises na concorrência. Fez o SBT comer poeira na faixa nobre e incomodou bastante a inédita da Globo no final do ano passado. Um Lugar ao Sol (2021) chegou a registrar menos ibope que o folhetim bíblico, que estava em sua reta final.

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No entanto, as conquistas obtidas foram desperdiçadas por falta de estratégia da Record. Os telespectadores fugiram do compacto de reprises A Bíblia, e o lançamento de Reis às pressas para entrar no ar antes de Pantanal (2022) não deu certo. A emissora deixou escapar um púbico cativo, que gostava da evangelização em um formato folhetinesco.

A Record chegou a tirar talentos da Globo no passado e tentou criar um fluxo de tramas não bíblicas bem comerciais. Algumas delas, conseguem anotar bons números no ibope mesmo em reprises vespertinas, como Chamas da Vida (2008).

Porém, com as mudanças implantadas neste fim de ano, as novelas da Record ficam cada vez mais longe do sucesso e próximas de virar caso de Procon: falta informações sobre o produto, e os direitos dos consumidores não são respeitados com descontinuidade e interrupções nas exibições.

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