MEMÓRIA DA TV
Divulgação/Globo
No Domingão do Faustão, o apresentador faz uso recorrente de bordões, como 'reclames do plim plim'
THELL DE CASTRO
Publicado em 25/11/2018 - 7h36
Há quase 30 anos no ar nas tardes dominicais da Globo, Fausto Silva solta todo tipo de bordão. Expressões como "Concertos para a Juventude", "reclames do plim plim" e "sócio do Perdidos", entre outras, são rotineiramente ditas pelo apresentador, de acordo com as atrações apresentadas no Domingão do Faustão. Mas muita gente não conhece (ou não lembra) a origem dessas expressões.
Desde a estreia do Domingão, em março de 1989, Faustão anuncia os breaks comerciais geralmente como reclames do plim plim. Essa é fácil de matar: antigamente se chamavam os anúncios de reclames.
E plim plim é a vinheta característica para identificar a Globo, criada em 1971 por Mauro Borja Lopes, o Borjalo, a pedido de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. A vinheta marca, até hoje, a passagem de ida e de volta dos intervalos comerciais em filmes e séries, apesar de já ter sido mais utilizada nos anos 1980 e 1990.
Boni queria algum ruído que pudesse ser ouvido a quadras de distância e que fizesse a família voltar para a frente da TV após os intervalos. Nos anos 1970, o plim plim era ouvido em praticamente todas as ruas das cidades, dada a hegemonia da Globo.
O aviso também ajudava as afiliadas a entrarem juntas no intervalo comercial _antes, isso era coordenado por precárias ligações telefônicas.
Em outro famoso bordão, Faustão usa um programa da Globo como referência. Quando anuncia algum artista ou banda, o apresentador costuma citar "Concertos para a Juventude". Esse foi o nome de um programa exibido pela própria emissora nas manhãs de domingo entre 24 de outubro de 1965 e 30 de dezembro de 1984.
De acordo com o site Memória Globo, a atração "tinha como objetivo romper as barreiras entre a música erudita e o grande público e consistia na exibição de pequenos concertos didáticos ao vivo. Posteriormente, passou a apresentar obras completas dos grandes mestres da música clássica".
Durante sua existência, também foram produzidos programas especiais sobre a cultura brasileira, abordando grupos folclóricos e regionais, além da realização dos mais inúmeros concursos, como o Primeiro Concurso Nacional de Coreografia (1974), o Primeiro Concurso Nacional de Jovens Instrumentistas (1977) e o Primeiro Concurso Nacional de Bandas de Música (1977). A atração chegou a ser apontada pela Unesco como programa modelo para divulgação da música clássica.
divulgação/Globo
Cena do Concertos para a Juventude, programa musical exibido na Globo entre 1965 e 1984
Heranças do Perdidos na Noite
"Fulano era sócio do Perdidos". Quase todo domingo, Faustão solta uma dessas durante o Domingão. Em quadros como o Ding Dong, que resgata artistas que fizeram sucesso em décadas passadas, o bordão é recorrente.
Se alguém era "sócio do Perdidos", significa que essa pessoa participava com frequência do Perdidos na Noite, célebre programa que Fausto Silva comandou na Gazeta, na Record, e principalmente, na Band, nas noites de sábado, durante boa parte da década de 1980.
A cultuada atração, que tinha baixo orçamento e era satirizada pelo próprio apresentador, recebia grandes nomes da música brasileira, desde roqueiros até sambistas. Tinha convidados especiais e humoristas e foi exibida para a todo o Brasil pela Band entre 1986 e 1988.
Outra expressão utilizada por Faustão surgiu nessa época: "Quem sabe faz ao vivo". Ele recebia convidados dos mais variados gêneros musicais e, muitas vezes, desafiava os artistas a cantarem músicas sem prévia combinação.
Os pedidos geralmente eram atendidos, e o apresentador disparava o bordão, utilizado até os dias de hoje. Portanto, a expressão é mais uma herança do Perdidos na Noite.
THELL DE CASTRO é jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira (Editora InHouse). Siga no Twitter: @thelldecastro
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