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Memória da TV

'A Globo me quer bem longe', disse Faustão a Silvio Santos em 1988

Reprodução/SBT

Fausto Silva e Silvio Santos no Show do Calouros em 1988, quando apresentador era da Band - Reprodução/SBT

Fausto Silva e Silvio Santos no Show do Calouros em 1988, quando apresentador era da Band

THELL DE CASTRO

Publicado em 15/3/2015 - 7h26

Fausto Silva e Silvio Santos juntos. Isso aconteceu no dia 12 de junho de 1988, quando o então apresentador dos programas Perdidos na Noite e Safenados e Safadinhos, ambos da Band (naquela época, conhecida como TV Bandeirantes), foi até o Show de Calouros, do SBT, que recebia personalidades para entrevistas com perguntas inusitadas do júri. Ele falou sobre sua vida pessoal e se aceitaria um convite da Globo _o que aconteceria meses depois.

Fausto Silva, então com 38 anos, deu um show de bom humor e respondeu a todas as perguntas sem titubear. Silvio Santos, logo de cara, perguntou se o apresentador era "mais safenado ou mais safadinho". "Eu sou mais safadinho, aliás, como todos os brasileiros", respondeu.

À jurada Flor, Faustão disse que havia se casado apenas uma vez e não tinha filhos. "É casando que se aprende. Nenhum filho, tomar conta de mim já é uma luta, imagine com mais um. Eu dou mais despesa do que filho bobo estudando em Paris”, disse, arrancando gargalhadas do auditório.

Sobre seu programa ser uma bagunça, pergunta de Wagner Montes, Faustão respondeu, ironicamente, que era "excesso de dinheiro". "Não tem. É igual INPS [antigo órgão de previdência social], vai chegando, vai sendo atendido. Só não fazemos operação de fimose no ar, o resto tem de tudo. Não temos toda essa mordomia daqui".

Faustão disse que o jurado Pedro de Lara (1925-2007) era uma das "reservas morais da televisão brasileira". "O Pedro é do tempo que tomar no olho era tomar dedada na vista. Quando um não quer, o outro vira e dorme", disparou. O jurado perguntou se ele fazia regime. A resposta foi ótima: "É o regime que o Silvio me ensinou. Casado há 20 anos, come uma vez por mês".

Acostumado a falar de tudo em seu programa, que ia ao ar nas madrugadas de sábado para domingo, Faustão não pegou leve nas respostas. Sônia Lima perguntou se era verdade que a mulher, ao se relacionar com um homem gordinho, só sentia prazer quando ele ia embora. "Não, que é isso. Tem o pessoal que é do tempo de ir por cima, não pode ir direto, tem ir com carinho. É perfumaria. Já se disse que o antes e o depois são tão importantes como o durante, mas se não tiver durante não tem antes e depois. Está tão feia a coisa que os caras estão comprando camisinha com tíquete restaurante, Silvio", respondeu.

Presidente de República

Na época, circulavam boatos de que Silvio Santos seria candidato a prefeito de São Paulo. Mas, para Faustão, ele deveria ser o presidente da República (e o apresentador acabou se candidatando em 1989). "Eu acho que ele não tem que ser candidato a prefeito. Tem que ser, no mínimo, candidato a governador ou presidente. Prefeito é muito pouco. Se ele deixar crescer o bigode, eu voto nele. Já pensou, brasileiros e brasileiras. O Brasil está falido, precisamos de um gerente. O Brasil é um grande baú", disse, fazendo referências ao então presidente José Sarney e ao Baú da Felicidade.

A pergunta mais esperada era a de Sérgio Mallandro, que sempre ficava por último e pregava peças nos convidados. Amigo de Fausto Silva, chamou o apresentador de Bolinha. Confira o diálogo épico dos dois:

Mallandro: "O povo quer saber, qual é a sua altura?"

Faustão: "Porra, 1,87."

Mallandro: "Curiosidade do povo. O povo quer saber quantos quilos você pesa?"

Faustão: "Está me achando mais pesado? 120 sem lente de contato."

Mallandro: "De lado? Curiosidade do povo, seu Fausto. O povo quer saber se você usava penico quando era criança?"

Faustão: "Não, eu não cabia no penico. O que eu fazia no penico é o que você tem na cabeça."

Mallandro: "Vou te pegar, no final eu vou te arrebentar. O povo quer saber. Entre nós, mas o Brasil está assistindo a gente. Quantas camas de motel você já quebrou?"

Faustão: "Nenhuma, porque não tem motel de aço. Sou contra motel, é um negócio muito frio."

Mallandro: "Última pergunta, o povo quer saber. Você, em pé, consegue ver o seu piu piu?"

Faustão: "O importante não é ver, é usar. E sabendo usar não vai faltar”, completou Faustão."

Assédio da Globo

Já cotado pela Globo para substituir Chacrinha, que morreria alguns dias depois, Fausto Silva foi questionado por Luís Ricardo se aceitaria tal posto na emissora da família Marinho. "Eu não sou Chacrinha, sou, no mínimo, uma fazendona, com esse tamanho", começou, fazendo graça.

"Mas tudo depende de conversar. A Globo me quer toda hora, bem longe. Doutor Roberto, essa hora... Ele assiste ao Show de Calouros, adora o Silvio", completou. Na época, Silvio Santos liderava uma campanha contra a proibição da Globo de exibir comerciais estrelados por artistas de outras emissoras.

Pouco tempo depois, Faustão fechou contrato com a Globo, estreou na emissora em 1989 e se tornou o principal concorrente do próprio SBT nas tardes de domingo.

Assista à participação de Fausto Silva no Show de Calouros:


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