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MEMÓRIA DA TV

De batismo de câmera a cano de Hebe: Mitos e verdades sobre a inauguração da TV

REPRODUÇÃO

Assis Chateaubriand (1892-1968) na cerimônia de inauguração da TV Tupi em 1950

Assis Chateaubriand (1892-1968) na cerimônia de inauguração da TV Tupi em 1950

THELL DE CASTRO

Publicado em 20/9/2020 - 7h05
Atualizado em 20/9/2020 - 15h57

Três passagens a respeito da estreia da televisão brasileira, ocorrida em 18 de setembro de 1950, na capital paulista, foram tão difundidas que muitas pessoas têm dúvidas se são ou não reais. Elas envolvem o equipamento da primeira transmissão, a grade de programação da Tupi e a participação de Hebe Camargo na cerimônia que iniciou os trabalhos. Afinal, o que é mito e o que verdade dessas histórias curiosas contadas sobre a inauguração da TV?

A mais famosa lenda sobre a estreia da Tupi diz respeito ao suposto batismo de uma das câmeras que seriam utilizadas na transmissão inaugural. O show quase não aconteceu porque foi todo marcado para ser feito com três câmeras, mas uma delas ficou avariada pouco antes de entrar no ar.

Entusiasmado com a celebração, o jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968), dono dos Diários Associados e da emissora, quis imitar o gesto de batismo de navios e teria quebrado uma garrafa de champanhe na câmera à sua frente, danificando-a.

Existe outra versão da lenda que diz que o bispo auxiliar dom Paulo Rolim Loureiro (1908-1975), ao benzer as instalações do estúdio do Sumaré durante a cerimônia inaugural, usou maior volume de água benta do que o normal. O líquido teria penetrado na torre da lente e estragado o equipamento.

De acordo com extensa pesquisa do livro Tupi - Pioneira da Televisão Brasileira, de J. Almeida Castro, as duas versões para o fato são fantasiosas.

A história da champanhe foi uma piada criada pelo ator e diretor Lima Duarte, conforme ele mesmo reafirmou no Globo Repórter especial sobre os 70 anos da televisão, cuja primeira parte foi exibida na última sexta (18).

"Essa história do champanhe é uma brincadeira do Lima Duarte. Uma câmara realmente deu defeito e fizemos tudo com apenas um equipamento", afirmou a atriz Lolita Rodrigues, em entrevista de 2009.

Sobre a outra versão, o livro explica que "o bispo aspergiu água benta no estúdio, mas não danificou nenhum equipamento. Tudo continuou funcionando normalmente durante a solenidade inaugural. Horas mais tarde, instantes antes de começar o programa de estreia, uma outra câmera, não utilizada na primeira transmissão, pifou. O defeito só foi descoberto no dia seguinte, depois de um exame realizado com calma pelos técnicos", explicou o autor.

Sem ter o que passar no dia seguinte

Após o glorioso programa de estreia, TV na Taba, foi realizada uma comemoração com toda a equipe da emissora e a presença de Assis Chateaubriand na Cantina Romeu. A festa no popular restaurante da capital paulista foi até altas horas da madrugada.

Foi aí que alguém se deu conta do seguinte: o que exibir no dia seguinte? A televisão, evidentemente, não tinha as grades verticais e horizontais, como existem há muitas décadas --isso somente surgiu com a TV Excelsior, nos anos 1960. Sem videoteipe e com muitas dificuldades técnicas, operando somente no período noturno, os primeiros anos do veículo eram feitos na raça, da forma como fosse possível.

"Os longos e trabalhosos dias seguidos de ensaios e preparação para a estreia resultaram na missão cumprida da noite inaugural. Era, porém apenas o começo da jornada. Logo mais à noite, a TV Tupi tinha que apresentar a sua programação. Ninguém estivera preocupado com o dia seguinte. Mas ainda havia tempo e não era permitido duvidar da capacidade daquela gente de ir adiante", descreveu J. Almeida Castro em seu livro.

O mesmo foi dito por Lima Duarte na obra TV Tupi - Uma Linda História de Amor, de outra pioneira da televisão, Vida Alves (1928-2017), que deu o primeiro beijo no vídeo, em 1951. "Ninguém tinha pensado na programação do dia seguinte", explicou o ator, ressaltando, ainda que o diretor do canal, o jovem Cassiano Gabus Mendes (1929-1993) incumbiu seus funcionários de saírem à procura de filmes, shows e desenhos pelos consulados da cidade.

A falta de Hebe no programa inaugural

Muito se fala também sobre o cano que Hebe Camargo (1929-2012) deu no programa inaugural. A então jovem cantora foi escolhida para cantar o Hino da Televisão, mas disse que estava resfriada e não compareceu, sendo substituída pela eterna amiga Lolita Rodrigues.

A futura apresentadora não estava doente, mas não queria deixar de sair com seu namorado. "A Hebe ia cantar o Hino. Hoje pode ser dito por que nós guardamos esse segredo por mais de 40 anos. Ela faltou. Porque ela ia se encontrar com o namorado, por quem ela estava apaixonada na época", explicou a atriz em depoimento à associação Pró-TV.


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