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Reportagem cool

Criador de Vice repele críticas ao 'jornalismo covarde' e promete soluções

Divulgação/HBO

Mulher africana em episódio da quarta temporada de Vice, programa de reportagens - Divulgação/HBO

Mulher africana em episódio da quarta temporada de Vice, programa de reportagens

FERNANDA LOPES

Publicado em 6/5/2016 - 5h32

O programa de reportagens Vice, da HBO, se vende como uma série que conta histórias ignoradas pelos veículos tradicionais de comunicação, como o terrorismo na Nigéria e a busca da cura da cegueira. Cultuada por jovens, Vice virou uma grife cool. Para os críticos, no entanto, a marca faz um "jornalismo covarde", porque chega em regiões inóspitas ou em conflito, grava seu material e vai embora rapidamente, sem deixar rastros.

"Eu acho que é uma crítica injusta. Tenho muito respeito por jornalistas que vão para o Iémen, por exemplo, e ficam lá durante toda a guerra, durante anos. Também já vi jornalistas de outros veículos que nunca saem de seus quartos de hotel. Eu acho que isso é covarde. Não é porque não ficamos três anos em Bagdá que somos covardes. Se nós fizéssemos isso, não seríamos capazes de ter essa série na HBO. Há muitas histórias importantes que precisamos contar", se defende Surooshi Alvi, um dos criadores da atração e do grupo de mídia Vice.

Além do programa, que vai ao ar na HBO desde 2013, Vice também é o nome de um conglomerado de mídia canadense que existe desde 1994. O grupo se destaca por suas produções com narrativas pessoais e abordagens com enfoques inusitados e arriscados _o próprio Alvi confessa que medidas de segurança nem sempre foram consideradas fundamentais pelos funcionários da Vice.

Divulgação/hbo

O combate ao terrorismo na Nigéria é tema de um episódio da quarta temporada de Vice

Vice começou como revista no Canadá e expandiu para a internet. Nos últimos anos, tem investido em conteúdo em vídeo e em parcerias com marcas e outros grupos de mídia, como a HBO, a ESPN, a Sky e a Nike. Mesmo criando produtos multimídia patrocinados, caso da Nike, Alvi acredita na autenticidade da Vice para manter sua audiência.

"Nós fazemos sucesso com os mais jovens porque não estamos falando mal deles [como os veículos tradicionais]. Não estamos sentados em uma sala pensando: 'O que eles querem?'. Não é planejado e calculado, acho que é por isso que temos uma conexão boa com a audiência. Queremos continuar elevando o nível [da atração] e sendo autênticos. Acho que nosso público merece mais do que sempre a mesma coisa repetidamente. Nos últimos anos, cobrimos muitos problemas no mundo, então queremos mostrar o outro lado, as soluções", diz.

O grupo Vice tem escritórios em mais de 30 países, inclusive no Brasil, onde publica reportagens online originais sobre a realidade brasileira. Alvi não descarta a possibilidade de gravar episódios sobre a crise política nacional _o programa de TV nunca abordou o país.

"O Brasil é muito importante para a Vice, nossa equipe adora fazer reportagens no país. Não acreditamos que os Estados Unidos são o centro do mundo. Damos o nosso melhor nas reuniões editoriais para pensar no que a série deveria focar, eu acho que seria muito interessante para a nossa audiência, não só na América Latina, saber o que está acontecendo no Brasil", afirma.


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