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Análise

Com demissão de José Mayer, Globo dá tiro de misericórdia no teste do sofá

Divulgação/TV Globo

O ator José Mayer em cena de A Lei do Amor, última novela de uma parceria de 35 anos - Divulgação/TV Globo

O ator José Mayer em cena de A Lei do Amor, última novela de uma parceria de 35 anos

DANIEL CASTRO

Publicado em 17/1/2019 - 5h40

Apesar de anunciada desde abril de 2017, a demissão de José Mayer surpreendeu muita gente na Globo. Alguns, como o autor Aguinaldo Silva, esperavam um perdão da emissora à qual o ator dedicou 35 anos de sua vida em mais de 40 obras. Poucos incorporaram o macho rústico e viril tão bem quanto Mayer. E foi justamente essa suposta masculinidade que levou o ator à ruína.

José Mayer foi punido com a geladeira e o desemprego para servir de exemplo. Para muitos, dentro e fora da Globo, a acusação que pesava contra ele não podia ser tratada como crime, uma vez que não houve queixa formal.

Mas, assim como ocorreu com William Waack, a Globo sacrificou o ex-galã para dar uma clara demonstração de que não tolera mais comportamentos abusivos, de acordo com altas fontes na emissora.

Com a demissão de Mayer, a Globo vai um pouco além da resposta às atrizes que protestaram contra o ator. Ataca um incômodo que não é exatamente o caso do ex-galã, mas que com ele está muito relacionado: o teste do sofá praticado por diretores em atores iniciantes (ou pouco talentosos).

Poucas coisas causam tanta coceira nos executivos da Globo quanto a fama que a empresa traz do passado de que, para crescer lá dentro, é preciso se submeter à prestação de favores sexuais. Isso deixou de existir há muito tempo, defendem eles.

O teste do sofá no meio televisivo não é lenda e tampouco deixou de existir. Há várias histórias de profissionais que só conseguiram algum trabalho depois de terem ido para a cama com o autor ou o diretor de determinada novela. Muitas vezes, o "teste" ocorre por iniciativa da própria "vítima".

A verdade é que há muito mais gente que pensa que pode destravar as portas para o estrelato tirando a roupa do que diretor ou autor de novela disposto a se aproveitar maliciosamente disso.

Com a demissão de José Mayer, a Globo passa a mensagem de que é intolerante com o assédio sexual (assim como foi com o racismo quando defenestrou William Waack). Nesse ambiente extremamente profissional e corporativo, não é mais aceita qualquer relação entre sexo e oportunidade de trabalho. A escalação de uma novela é um processo com critérios técnicos e artísticos. Ponto.

Depois do assédio sexual, não deve demorar muito e a Globo decretará o fim de um outro comportamento que vem gerando zum-zum-zum em seus corredores. Os diretores que gritam com seus subordinados, prática que na justiça trabalhista é chamada de assédio moral, também estão com os dias contados.

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