DONA DOS DIREITOS
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Luis Roberto no comando do programa Seleção do Samba: exibição do Carnaval 2022 está em risco
Dona dos direitos de transmissão dos desfiles das escolas de samba em São Paulo e no Rio de Janeiro, a Globo precisará lidar com a rejeição aos eventos em 2022. Mesmo com o aumento de casos de Covid-19 e gripe, os órgãos públicos decidiram manter a realização da festa. A decisão é vista como contraditória, pois os blocos de rua foram cancelados.
Em 13 de dezembro, antes da nova onda de coronavírus puxada pela variante ômicron e das internações por influenza, 87% dos brasileiros se posicionavam contra a realização do Carnaval em suas respectivas cidades neste ano. Outros 9% eram favoráveis, e 4% não souberam responder. Os dados são de uma pesquisa PoderData, que ouviu 3 mil pessoas.
Agora, com os telejornais da própria Globo noticiando diariamente o crescimento de internações e de pessoas afastadas do trabalho por causa das novas infecções virais, a aceitação aos desfiles nos sambódromos de São Paulo e Rio de Janeiro está ainda mais comprometida.
Questionada pelo Notícias da TV sobre a posição institucional em relação aos eventos, a dona dos direitos de transmissão do Carnaval 2022 informou que respeita as decisões do poder público. Leia a íntegra da nota abaixo:
Como detentora dos direitos de transmissão dos desfiles, a Globo tem absoluto respeito às decisões do poder público, das autoridades de saúde e dos organizadores dos eventos. Isso acontece não apenas com o Carnaval, mas com qualquer evento ou competição impactada pela pandemia.
Jornalisticamente, os programas da Globo têm noticiado as decisões dos órgãos públicos e apontado, inclusive, as contrariedades de algumas medidas. Na última sexta-feira (7), o RJ2 informou que o comitê científico que orienta o Estado do Rio de Janeiro pediu que os desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí fossem cancelados ou adiados.
No entanto, o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, avisou que a festa, ao menos por enquanto, está mantida. No Estado fluminense, foram registrados 22.355 testes positivos de Covid-19 apenas nos sete primeiros dias de 2022, mais do que o dobro dos 8.897 casos de dezembro inteiro. O avanço da ômicron explica o aumento.
"Os blocos de rua estão suspensos em função da dificuldade de se adotar protocolos mais rígidos. Nesse momento, considerando a tendência dessa transmissão [de ômicron], do que a gente vê em outros países, de ela ser curta, de ela durar pouco tempo por conta da alta transmissibilidade desse vírus, é de que o Carnaval da Sapucaí seja mantido, adotando os protocolos de segurança necessários", explicou o secretário no RJ2.
FELIPE ARAUJO/LIGA-SP/DIVULGAÇÃO
Desfile no Sambódromo do Anhembi, em 2020
A situação é parecida com a de São Paulo. Na última quinta-feira (6), o prefeito Ricardo Nunes fez uma coletiva de imprensa para informar sobre o cancelamento dos blocos de rua e a manutenção dos desfiles no Anhembi. Os protocolos, segundo o político, serão definidos com a vigilância sanitária da cidade, em parceria com a Liga das Escolas de Samba de São Paulo.
O governador João Doria informou que o Estado vai proibir festa de Carnaval em salões, ambientes fechados e na rua. O evento com as escolas de samba, porém, está mantido e permanecerá sob "análise" nas próximas semanas. Veja o depoimento abaixo:
Embora seja uma decisão também do município, está sendo avaliado. Se tivermos uma evolução e um agravamento com esta variante ômicron, o tema será revisto, sim. Não é o caso ainda, estamos acompanhando, mas dada a evolução acelerada, é um ponto de cautela e preocupação.
O cancelamento dos desfiles das escolas de samba em 2022 causaria um enorme prejuízo às agremiações, que já estão com enredos definidos e em fase de finalização das fantasias e carros alegóricos. A situação é diferente de 2021, quando o cancelamento aconteceu ainda em 2020 e evitou que investimentos fossem feitos.
As Ligas também estão com ingressos à venda. Os organizadores de São Paulo divulgaram uma nota na última semana em que defendiam a realização do evento e prometiam seguir os protocolos definidos pelas autoridades, algo que eles alegam terem feito ao longo de toda a pandemia.
"Para que os Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo aconteçam de forma grandiosa, como tem sido nos últimos anos, nosso principal recurso é humano. Sendo assim, a prioridade da Liga-SP, enquanto organizadora do espetáculo das agremiações na passarela do samba, sempre foi e continuará sendo preservar vidas e garantir um ambiente seguro para os profissionais do Carnaval e para os sambistas, seja na pista de desfile ou nas arquibancadas do Anhembi."
No Rio de Janeiro, a Liesa entregou ao governo uma proposta de protocolo sanitário, que inclui controle de público e exigência de passaporte de vacina. Medidas como apresentação de teste negativo para Covid-19 também são avaliadas.
A Globo, que conta com patrocinadores para a transmissão dos desfiles, acompanha os desdobramentos dessas decisões. Afinal, a empresa também precisa cuidar da segurança dos seus profissionais que estarão nos respectivos sambódromos para mostrar os desfiles. Na semana passada, quase 40 jornalistas testaram positivo para Covid-19.
A emissora já fez o pagamento dos contratos pela exibição em 2022. No final do ano passado, em uma atração bancada pela Brahma, uma das anunciantes do Carnaval, a Globo produziu um programa para mostrar as escolhas dos sambas.
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