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NO DESAFIO SOB FOGO

Brasileira supera machismo e etarismo para fazer facas aos 63 anos: 'Homens respeitam'

Reprodução/Instagram

Montagem com dois momentos de Silvana Mouzinho no Instagram: à esquerda, ela lixa a lâmina de uma faca; à direita, mostra um cabo trabalhado

Silvana Mouzinho compartilha produção de lâminas e cabos de facas em suas redes sociais

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 16/11/2021 - 6h20

Na quarta temporada do Desafio Sob Fogo Brasil e América Latina, a brasileira Silvana Mouzinho se destaca entre os participantes. Não só por ser uma das poucas mulheres em um meio extremamente masculino como a cutelaria, mas por seus 63 anos bem vividos. Envolvida com o mundo da fabricação de facas desde 1995, e na forja desde 2002, a veterana superou o machismo e o etarismo para assegurar seu espaço. "Agora os homens me respeitam", valoriza.

"Confesso que uma coisa que me incomoda pra caramba é ser chamada de 'representante da cutelaria feminina'. Não tem cutelaria feminina, é igual para todo mundo!", desabafa ao Notícias da TV a forjadora, também chamada de "Dama de Ferro" pelos colegas.

Apesar do preconceito masculino, Silvana fez seu nome no mundo das facas nos bastidores: ela organiza o Salão Paulista de Cutelaria, maior evento do meio na América Latina. "Foi a minha maneira de dar uma resposta ao machismo, sabe? Alguns homens podem até ser melhores do que eu, mas precisam de mim para estar na feira", explica, com um sorriso discreto.

Ela, aliás, está acostumada a conciliar o lado organizacional da cutelaria com a prática: entrou nesse meio por acaso, como funcionária da área comercial de uma importadora. Lá, lidava com vários profissionais, sem pensar em efetivamente encarar o calor nos primeiros anos.

Eu usava salto alto, tailleur, imagine uma mulher assim num ambiente daqueles? Mas na área comercial eu fui tendo mais interação com o público e acabei me apaixonando. Aí, vi uma mulher fazendo facas em um evento e achei o máximo. Fui fazer curso com o professor dela, virou hobby e agora profissão.

Silvana enxerga sua participação no reality como um divisor de águas. "Agora que o Salão já está consolidado, decidi que era hora de me dedicar às minhas facas. Foi no Desafio Sob Fogo que a ficha caiu. Era um misto de querer estar lá e um medo de ir mal e ser julgada. Mas aproveitei o momento para sorrir. Quem não gosta do meu trabalho não vai mudar de ideia porque fui para a TV, sabe? E estar ao lado do [jurado] Doug Marcaida é como ir a um show de rock e ficar no gargarejo."

Agora, o salto alto e o tailleur da antiga representante comercial foram colocados no armário, de onde só saem em ocasiões especiais --como o dia de premiação do Salão Paulista. Mas a cuteleira ganhou um objetivo bem mais importante para sua vida: inspirar outras mulheres a seguirem seu caminho.

"Não sinto como peso, é uma missão. Eu sou exemplo por todos os lados: comecei com 44 anos, fui para o Desafio com 63. Minha avó morreu aos 73, era a imagem clássica de uma velhinha. Tenho o peso nas costas, claro, mas me sinto jovem. As pessoas dizem que se inspiram em mim, a mulherada está entrando com tudo nesse meio, tem muita mulher forte no pedaço."

A quarta temporada de Desafio Sob Fogo Brasil e América Latina tem novos episódios toda quinta, às 22h, no History.


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