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MEMÓRIA DA TV

À beira da falência, Record quase foi vendida para bilionário antes de Edir

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Montagem de fotos com Silvio Berlusconi e Edir Macedo, dono da Record

O bilionário Silvio Berlusconi quase comprou a Record, que acabou adquirida por Edir Macedo

THELL DE CASTRO

Publicado em 13/2/2022 - 6h25

Pouca gente sabe, mas antes de ser vendida para Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, em 1989, a Record quase foi parar nas mãos do magnata italiano Silvio Berlusconi. Em 1987, a emissora controlada pela família Machado de Carvalho e por Silvio Santos, que detinham 50% das ações cada, estava em franca decadência e todos os meses dava prejuízo.

Em abril daquele ano, o então presidente de Portugal, Mário Soares, fez uma visita ao Brasil e trouxe junto alguns empresários portugueses, que aproveitaram para examinar uma possível compra dos 50% de ações que pertenciam ao dono do SBT.

"Por trás do grupo, com participação na sociedade, aparece o vulto do controvertido empresário italiano Silvio Berlusconi", informou o Jornal do Brasil de 15 de abril de 1987.

Bilionário, Berlusconi, atualmente com 84 anos, é o principal acionista da Mediaset, que controla canais na Itália e na Espanha, foi proprietário do Milan e primeiro-ministro da Itália em três oportunidades. É envolvido em diversas polêmicas e acusações, incluindo casos de corrupção. O negócio, como se sabe, não deu em nada.

Além de despertar o interesse português, a parte de Silvio Santos na Record quase foi vendida para o Sistema Jornal do Brasil e João Havelange (1916-2016), então presidente da Fifa.

Silvio não quis negociar com a Televisa

Ainda se cogitou na imprensa na época que a Televisa, do México, também estaria envolvida na transação. O negócio, que dependia de aprovação do Ministério das Comunicações, não foi para a frente.

De acordo com o livro O Marechal da Vitória (2005), de Tom Cardoso e Roberto Hockmann, foi Silvio Santos quem teria resolvido desistir do negócio com os mexicanos, avaliado em US$ 23 milhões, por não querer vender a emissora para uma empresa tão forte como a Televisa.

Já em 1988, foi aventado um suposto interesse do empresário norte-americano Donald Trump na emissora, jamais confirmado oficialmente.

A lista de candidatos à aquisição ainda incluiu o grupo responsável pelo jornal O Dia, o ex-governador paulista Orestes Quércia e Edevaldo Alves da Silva, um dos fundadores da Rádio Capital.

Investimento de US$ 45 milhões

Com cobertura essencialmente local, apenas em São Paulo, e à beira da falência, a Record acabou sendo vendida para o grupo de Edir Macedo em 1989, após complicadas e extensas negociações.

A formalização da venda, no entanto, ocorreu apenas em abril de 1990. A emissora encontrava-se em estado pré-falimentar, com uma dívida total avaliada à época em US$ 20 milhões.

Pelo negócio, foi desembolsado um total de US$ 45 milhões, divididos em um sinal de US$ 20 milhões (a serem quitados até janeiro de 1990) e o restante em prestações com vencimentos ao longo de 20 meses, a serem pagos aos proprietários.

Contudo, após muita burocracia no Congresso Nacional, a concessão da emissora foi transferida para o líder da IURD somente em 23 de fevereiro de 1994.


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