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AGUINALDO SILVA

Autor de novela da Globo diz ter sido perseguido por ator stalker: 'Apavorante'

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Aguinaldo Silva em foto publicada no Instagram, sério, com céu azul no plano de fundo

Aguinaldo Silva em foto publicada no Instagram; o autor revelou ter sido vítima de um stalker

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 21/7/2024 - 12h00

Roque Santeiro (1985) foi uma novela muito marcante para Aguinaldo Silva, não só por ter sido um megasucesso no Brasil e uma das obras mais importantes da teledramaturgia. Em sua vida pessoal, o autor enfrentou um drama oriundo da adaptação da peça de Dias Gomes (1922-1999). Um ator que queria muito um papel no folhetim passou a persegui-lo pelo Rio de Janeiro, algo que o escritor considerou "apavorante".

Silva conta essa história no livro Meu Passado me Merdoa: Memórias de uma Vida Novelesca, autobiografia lançada neste mês. No capítulo em que fala sobre Roque Santeiro, ele lembra a perseguição da qual diz ter sido vítima.

O escritor conta que cuidava dos cabelos em um salão que ficava dentro de um supermercado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. "Certo dia, ao entrar lá para o tratamento de praxe, vi na porta um homem enorme, quase um muro ou uma parede, que me olhou com ar de evidente interesse. Não dei maior importância ao fato", ele começa a história.

No entanto, dentro do salão estava a mãe deste homem, que puxou papo com o autor. Ela disse que o rapaz trabalhava como figurante em Roque Santeiro, era um dos dois guardas que aparecia na delegacia, mas nunca havia dito uma palavra em cena. "Será que o senhor podia escrever algumas falas para ele?", pediu a mulher.

O autor disse que sim, poderia criar um personagem para o filho dela. "Dei uma última olhada no rapaz e então tive uma ideia: como ele era grandão e meio que ursino, e havia um urso muito popular nos desenhos animados da época chamado Zé Colmeia, decidi lhe dar esse nome e fazê-lo falar", relatou.

Silva pensou que, como o outro figurante da delegacia era magro e baixinho, a produção não teria dúvidas e escalaria o homem maior para ser o Zé Colmeia. Porém, no dia da gravação, a mãe do tal ator ligou para Aguinaldo Silva desesperada, dizendo que outro profissional havia sido escalado para o papel.

Aguinaldo Silva, então, descobriu que o outro ator (chamado Ivan Simões) havia sido escolhido por Guta Mattos (1919-1993), uma diretora de elenco muito poderosa na Globo, "uma espécie de rainha que exercia seu mando sobre os atores da casa", de acordo com ele. Assim, levando em conta o poderio de Guta, o escritor achou que não valia a pena criar impasse com ela e deixou o caso de Zé Colmeia por isso mesmo.

O ator passado para trás, no entanto, não se conformou. Duas semanas depois, a mãe do rapaz ligou para Silva e pediu que fosse visitar o filho no hospital, pois ele havia ficado tão abalado por ter perdido a chance na novela que dera um tiro no ouvido.

O autor não foi, e o figurante, então, se transformou naquilo que hoje se conhece popularmente como "stalker". "Passou a me perseguir de um jeito apavorante. Descobriu onde eu morava e também os lugares aonde ia e --com uma frequência assustadora-- de vez em quando, ao chegar num deles, eu via que ele já estava lá", conta Aguinaldo Silva.

Num dia de folga, fui ao cinema num shopping e, mal tinha entrado, adivinhe quem saiu da escuridão e sentou ao meu lado? Tive um ataque. Perguntei a Zé Colmeia o que ele queria comigo, afinal, mas não disse nada --apenas soltou uma gargalhada sinistra e depois se levantou e foi embora.

O escritor afirma que esta situação "de puro terror" durou quase um ano e que, neste período, ele não fez nada além de se proteger de algumas maneiras. Trocou de cabeleireiro, de número de telefone, de endereço e evitou ir a alguns lugares onde já tinha se deparado com o stalker.

A última vez em que Aguinaldo Silva viu seu perseguidor foi em janeiro de 1989, após a festa de encerramento de Vale Tudo (1988), novela que havia acabado de escrever com Gilberto Braga (1945-2021) e Leonor Bassères (1926-2004).

Silva saíra de um hotel onde estava hospedado em Copacabana e deu de cara com o homem na orla da praia. O autor fugiu rapidamente em um táxi. "Nunca mais tive notícias [do stalker] nem quis tê-las", concluiu.


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