MUDANÇA DE POLÍTICA
REPRODUÇÃO/RECORD
Celso Freitas no Jornal da Record: emissora deixa oposição de lado e tenta se aproximar de Lula
A Record tem tentado aos poucos se aproximar de Luiz Inácio Lula da Silva. Aliada de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro, a emissora de Edir Macedo fez entrevistas com ministros do novo governo e tem realizado reportagens com viés favorável às primeiras ações do atual presidente.
Segundo apurou o Notícias da TV, o trabalho tem sido liderado por Roberto Munhoz, diretor de Jornalismo da emissora em Brasília e que já comandou o escritório da CNN Brasil na capital federal. Munhoz faz a ponte entre repórteres e ajuda a aproximar ministros.
A Record foi procurada para comentar a mudança na linha editorial e enviou o seguinte comunicado:
"O Jornalismo da Record TV pauta-se pelo interesse público, pela independência e pela isenção. Por isso, entendemos ser absolutamente normal da prática jornalística entrevistar autoridades sobre temas relevantes da atualidade, independentemente de partido político. É papel do jornalismo profissional buscar informações e questionar o poder público sempre que necessário."
A aproximação já pôde ser vista na semana passada, quando a Record fez duas entrevistas exclusivas com ministros da linha de frente petista. A primeira foi com Wellington Dias, ex-governador do Piauí e atual ministro do Desenvolvimento Social, que falou sobre o relançamento do Bolsa Família.
Já a segunda conversa foi com Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, que detalhou o que Lula tem feito para combater as notícias falsas. Outro ponto abordado foi a reforma tributária, que Fernando Haddad, ministro da Fazenda, pretende enviar ao Congresso Nacional até o fim do primeiro semestre.
Se aproximar de Pimenta e da Secom tem uma importância que vai além da relevância jornalística. Além de cuidar do relacionamento com a imprensa, o ministro é responsável por distribuir a verba de publicidade federal entre as emissoras de TV
Nesta semana, foi a vez de Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, falar com a emissora paulista. Foi para a Record que Dino confirmou pela primeira vez que vai tentar uma vaga para o STF (Supremo Tribunal Federal) nos próximos anos.
Na Record, a aproximação é vista como algo natural que precisaria acontecer uma hora ou outra. A direção da emissora sempre foi conhecida por ser aliada de quem estivesse no poder. Nos dois primeiros governos de Lula (2003-2010), a emissora tinha uma linha de apoio às ações petistas. O presidente foi à inauguração da Record News, em 2007, por exemplo.
Por enquanto, Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da TV, não se pronunciou publicamente sobre o início do governo. Sua última declaração sobre o assunto foi no início de novembro, na qual ele dizia torcer para que Lula tivesse um bom terceiro mandato.
"Lula se candidatou, o povo que votou. E ele ganhou, e acabou. Ele, supostamente, ganhou segundo a vontade de Deus. Mas quem ganhou fomos todos nós. Todos os que creem, todos que vivem pela fé. A escolha foi da maioria que votou. Nós não podemos ficar com mágoa, porque é isso que o diabo quer. O diabo quer acabar com a sua fé, acabar com seu relacionamento com Deus por causa de Lula ou dos políticos. Não dá, bola para frente", afirmou o bispo.
Com Jair Bolsonaro, a Record adotava um tom brando. Deu pouca repercussão a polêmicas do ex-presidente e fez uma cobertura econômica sobre a Covid-19 no começo da pandemia. O fato fez Adriana Araújo, então âncora do Jornal da Record, a deixar o comando do telejornal.
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