SÉRIE DA NETFLIX
Divulgação/Netflix
Marco Pigossi e Julia Konrad em cena da primeira temporada de Cidade Invisível, sucesso da Netflix
Novo sucesso mundial da Netflix e listada no top 10 de mais de 40 países, Cidade Invisível era considerada uma incógnita pelos produtores Francesco Civita e Beto Gauss durante o seu processo de desenvolvimento. Eles se questionavam sobre quem, de fato, iria gostar da série, pensada para o público brasileiro.
Por ser uma atração que envolveu muito trabalho de pesquisa para alinhar as histórias do folclore nacional que seriam usadas e que necessitava de toques de pós-produção para efeitos especiais, Civita e Gauss tiveram bastante tempo para pensar sobre como seria a recepção do público. Mas, para eles, o resultado ainda era uma interrogação.
Em conversa com o Notícias da TV, a dupla, que também produziu Coisa Mais Linda para a Netflix, revelou que enxergava as muitas qualidades de Cidade Invisível, mas que foi surpreendida pelo alcance mundial da atração.
"Vou te falar que conversamos muito sobre isso durante a montagem. Como a série tem pós-produção, tivemos um tempo maior para chegar ao produto final. Com a pandemia, esse tempo se alongou. Nós pensávamos: 'Quem vai assistir? Quem vai gostar? Será que vai ser adolescente?'. A gente teve essa conversa dezenas de vezes com o próprio Carlos [Saldanha, criador da série], com a própria Netflix. 'Será que vai fazer algum sucesso fora?' Era uma grande interrogação", contou Civita.
Questionar-se sobre o resultado que uma série ou um filme vai atingir após o seu lançamento é normal. Como Civita explicou à reportagem, o sucesso de uma produção depende de muitos fatores: data de lançamento, momento do mercado e concorrência são apenas alguns dos mais importantes.
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Alessandra Negrini vive Inês, a Cuca na série
A dupla não esconde a felicidade com a repercussão da série. Apesar de Coisa Mais Linda também ter colecionado elogios pelo Brasil, Cidade Invisível foi o primeiro projeto da Pródigo, produtora liderada pelos dois amigos há mais de 15 anos, a se tornar um sucesso mundo afora.
"Acho que posso falar, sem dúvida alguma, que o Carlos Saldanha está acostumado a fazer sucesso no mundo inteiro. Então para mim, para o Beto e para a Pródigo como um todo, foi uma alegria", explicou Civita.
"Não que o sucesso tenha sido maior ou menor do que para o Carlos, mas certamente foi uma alegria muito grande para nós porque foi o primeiro lançamento da Pródigo que teve esse tipo de alcance internacional. E, embora o foco com que trabalhamos é para que faça sucesso no Brasil, sempre olhamos para fora", continuou.
O sucesso mundial, no entanto, não altera o foco da dupla. Segundo Beto Gauss, o principal objetivo para a segunda temporada, que já está oficializada pela Netflix, é aumentar ainda mais a repercussão no mercado nacional.
"O objetivo é ela ser ainda mais sucesso no Brasil. A gente nasce com isso. Por todos esses motivos que o Francesco [Civita] falou, você ir bem no mercado internacional, é maravilhoso não só para nós, como para a nossa indústria, que está sofrendo demais. Mas até a segunda temporada, nosso objetivo é continuar crescendo aqui no Brasil e fazer com que mais pessoas que não assistiram à primeira venham conhecer", acrescentou.
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Carlos Saldanha com o astro Marco Pigossi
Civita e Gauss ajudaram a colocar a mão na massa para fazer Cidade Invisível acontecer, mas o fruto não teria surgido se Carlos Saldanha, conhecido por seus trabalhos nas animações Rio e A Era do Gelo, não tivesse aparecido com a semente.
Ao apresentar o projeto inicial para a Netflix, o cineasta foi direcionado para algumas produtoras que já haviam trabalho com o serviço de streaming. Segundo Gauss, as primeiras conversas logo se transformaram em um namoro.
"A gente conheceu o Carlos, e ele tinha a ideia de fazer uma série chamada Cidade Invisível, fez uma parceria com a Netflix e eles indicaram alguns produtores aqui do Brasil. A gente acabou se dando muito bem e começou um 'namoro'. Ao final de uma temporada, um sucesso do nosso ponto de vista e da qual temos muito orgulho, ganhamos um amigo sensacional, bondoso, muito criativo e agregador", valorizou.
Como no início de todo desenvolvimento de um projeto, os sócios analisaram a ideia de Saldanha e o responderam com os prós e os contras do que foi estudado. O cineasta adorou o retorno e deu o sinal verde para o início dos roteiros.
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O primeiro encontro entre Eric e Inês
"Ele [Saldanha] tinha menos conhecimento do mercado brasileiro. Nós montamos uma sala de roteiro, com roteiristas nacionais, sendo a Mirna Nogueira a chefe da sala, o que se mostrou um acerto. E a partir disso começamos a desenvolver toda a temporada. Um processo criativo muito interessante. Não é fácil desenvolver uma série original do zero, ainda mais de uma que mistura realidade com fantasia, mas deu supercerto", completou Gauss.
Como a Pródigo já tinha uma relação anterior com a Netflix por conta da criação de Coisa Mais Linda, Civita revelou que o serviço de streaming, com sua equipe nacional e internacional, também participou do desenvolvimento de Cidade Invisível.
De acordo com a dupla, cada etapa da criação do projeto possui tem e vindas entre eles, já aliados com Saldanha, e o serviço de streaming. É um entrosamento conquistado com a parceria anterior e, segundos eles, feito com muita liberdade.
"Acho que, para as pessoas que não tiveram essa oportunidade de trabalhar com a Netflix e com outras plataformas, fica parecendo que existe uma relação 'cliente-fornecedor', mas não é. É uma relação de coprodução em que a troca é com base no convencimento. Eu acho muito legal isso. A Netflix nos convence de uma coisa, outras horas é o Carlos que convence, depois somos nós que convencemos alguém. Isso vai trazendo uma riqueza ao processo", explicou.
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Wesley Guimarães é o saci contemporâneo
Base mais importante da narrativa de Cidade Invisível, a introdução do folclore brasileiro foi uma das partes mais importantes no período de roteirização da série --foram mais de dez meses para escrever tudo.
Para Civita, o fato de o folclore não ser uma ciência exata e se tratar de uma fábula contada de boca em boca requer muito estudo e atenção para não cometer equívocos na hora da adaptação. Como exemplo para explicar o processo, ele comparou os contos com a Bíblia.
"Se pararmos para pensar, é como a Bíblia antes de ela ser o que é hoje. E assim ela continua, há uma beleza nisso. Mesmo assim, nós fizemos questão de trabalhar com consultores, ouvir especialistas e criar uma sala [de roteiristas] muito diversa. Alguns tinham mais experiência de um lado, na parte investigativa, outros tinham um contato maior com questões mais místicas", concluiu.
A segunda temporada de Cidade Invisível ainda não tem data para estrear, mas Francesto e Beto já estão trabalhando em novos projetos. Eles vão desenvolver uma adaptação de Prisioneiras, livro escrito por Drazio Varella, que terá exibição em um serviço de streaming não revelado.
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