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CRISE EM HOLLYWOOD

Stranger Things, Cobra Kai e Demolidor: As séries afetadas pela greve nos EUA

Divulgação/Netflix

Millie Bobby Brown em Stranger Things e Xolo Maridueña em Cobra Kai

Millie Bobby Brown em Stranger Things e Xolo Maridueña em Cobra Kai; séries estão suspensas

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 11/5/2023 - 15h55

A nova greve dos roteiristas de Hollywood já fez suas primeiras vítimas. Embora a maioria das atrações da TV aberta dos Estados Unidos já tenha finalizado os trabalhos da atual temporada --e até adiantado uma porção para o próximo biênio--, séries como Stranger Things, Cobra Kai e Daredevil: Born Again, reboot de Demolidor (2015-2018), estavam em produção e foram paralisadas.

Desde o início da greve em 2 de maio, várias produções em andamento precisaram fechar as portas por não poder contar com profissionais trabalhando nos roteiros. Atualmente o número de séries paralisadas ainda é pequeno, mas pode aumentar caso a paralisação continue durante muito tempo.

O último título a confirmar a pausa nos trabalhos foi a comédia P-Valley, hit do Lionsgate+. Nesta quarta (10), a criadora e showrunner Katori Hall foi às redes sociais anunciar que a produção seria interrompida até que um acordo entre o WGA (Sindicato dos Roteiristas Norte-Americanos) e a AMPTP (Aliança dos Produtores de Filmes e Televisão) seja finalizado.

"Não filmaremos até que um acordo justo seja alcançado. Como muitos de meus colegas showrunners, sinto que minhas funções de escrever e produzir estão inextricavelmente ligadas", escreveu Katori em seu perfil oficial no Twitter.

"Também sou membro da DGA [sindicato dos diretores], cujo contrato com a AMPTP começa a ser negociado hoje. Questões sobrepostas são abundantes e veremos como essas histórias terminam. Como escritora, tenho um senso de dignidade radical --de que nosso trabalho deve ser valorizado pela mágica que é", finalizou.

Recentemente, séries como Billions, Ruptura e The Hedge Knight, novo spin-off de Game of Thrones (2011-2019), também foram pausadas após os roteiristas cruzarem os braços pela greve. Abaixo, confira a lista das principais produções interrompidas pela crise em Hollywood:

  • Stranger Things: produção da quinta temporada foi adiada devido à greve de roteiristas. Gravações iniciaram em junho deste ano, mas não foi possível finalizar;
  • Cobra Kai: trabalhos na sala de roteiristas da sexta temporada foram interrompidos e nenhum escritor pode comparecer ao set;
  • Demolidor: gravações foram interrompidas devido à presença de manifestantes na frente do set. Dias depois, a produção foi paralisada e segue sem previsão de retorno;
  • Billions: em 4 de maio, as gravações da sétima e última temporada pausadas por manifestantes obstruírem a entrada do elenco e equipe no set. Nesta quarta (10), nova manifestação interrompeu mais uma vez os trabalhos, desta vez sem previsão de retorno;
  • P-Valley: por decisão da criadora, as gravações da segunda temporada não irão iniciar até que um acordo entre as partes seja oficializado;
  • Ruptura: equipe paralisou os trabalhos da segunda temporada como manifesto de apoio à greve;
  • The Hedge Knight: George R.R. Martin, criador da franquia Game of Thrones e produtor do spin-off, assegurou que os trabalhos na série não vão continuar até o fim da greve;
  • Evil: gravações da quarta temporada foram pausadas devido à greve;
  • Hacks: as gravações da terceira temporada do hit da HBO Max também foram interrompidas pela greve. As protagonistas Jean Smart e Hannah Einbinder confirmaram apoio aos manifestantes;
  • Power Book 3 - Raising Kanan: sala de roteiristas da terceira temporada foi desmantelada até que um acordo entre as partes seja oficializado;
  • Yellowjackets: a cocriadora Ashley Lyle confirmou que a sala de roteiristas da terceira temporada foi paralisada com apenas um dia de trabalho. A equipe vai retornar apenas após o fim da greve;
  • Abbott Elementary: roteiristas se recusaram a continuar trabalhando nos textos da terceira temporada até que a greve seja finalizada.

Quais são as demandas dos roteiristas?

A lista de exigências dos grevistas é longa, mas uma das principais reivindicações da classe diz respeito aos residuais, como são chamados os direitos autorais. Roteiristas alegam que o repasse do valor à categoria é baixo se comparado ao que é dado a produtores e atores. As plataformas de streaming, segundo eles, também pagam menos do que o cinema e a TV tradicional.

O WGA também exige um aumento da compensação mínima, visto que o pagamento é feito por episódio e as plataformas de streaming encomendam temporadas mais curtas com um tempo de envolvimento maior dos escritores durante a produção. Melhorias no plano de saúde também são negociadas.

Outro pedido diz respeito às salas de roteiro. Tradicionalmente, diferentes escritores eram responsáveis por episódios distintos. Enquanto o escritor A produzia seu capítulo, o B poderia acompanhar a gravação do que havia criado. Agora, especialmente no streaming, poucos roteiristas se reúnem em uma sala, escrevem todos os episódios e são dispensados. Isso dificulta a ascensão de escritores novatos e, a longo prazo, pode coibir o surgimento de pessoas aptas a serem produtoras.

Esta é a primeira paralisação da classe desde a histórica greve de 2007-2008, que durou cem dias e custou cerca de US$ 500 milhões (R$ 2,4 bilhões, na cotação atual) à indústria.


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