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VIOLÊNCIA EXCESSIVA

Série no olho do furacão, Chicago P.D. aborda racismo dentro da própria polícia

REPRODUÇÃO/NBC

O ator LaRoyce Hawkins como o personagem Kevin Atwater da série Chicago P.D., da NBC

O detetive Kevin Atwater (LaRoyce Hawkins) combate ativamente o racismo dentro da polícia de Chicago

KELLY MIYASHIRO

Publicado em 22/6/2020 - 5h24
Atualizado em 22/6/2020 - 5h25

Apesar de ter encerrado a sétima temporada com um detetive negro disposto a combater o racismo dentro da própria polícia, Chicago P.D. será colocada à prova do público em sua sequência. Com a explosão do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), os telespectadores estarão mais críticos à forma como a equipe comandada pelo controverso sargento Hank Voight (Jason Beghe) reage em meio às abordagens.

Se antes da pandemia do coronavírus (Covid-19) a preocupação dos roteiristas da série criada por Dick Wolf seria decidir o destino do agente Kevin Atwater (LaRoyce Hawkins), agora eles terão que rever a romantização da violência policial do 21º Departamento de Polícia de Chicago, já que a morte de George Floyd (1974-2020) reacendeu o debate sobre preconceito racial no mundo inteiro.

Floyd morreu asfixiado por um policial branco em Mineápolis, no estado de Minnesota, nos Estados Unidos. Aos 46 anos, ele foi acusado de usar uma nota falsa para comprar cigarros. Derrubado no chão, o homem viu Derek Chauvin se ajoelhar em seu pescoço durante oito minutos e 46 segundos, causando a fatalidade.

A brutalidade da abordagem feita pelos patrulheiros foi filmada por testemunhas, e as imagens viralizaram nas redes sociais, causando uma onda de protestos nos EUA e em diversos países, como o Brasil. As manifestações causaram aglomerações mesmo em meio a uma pandemia sem precedentes e que exige o distanciamento social para evitar o contágio da doença.

Ironicamente, Chicago P.D. retratou a abordagem policial abusiva em duas ocasiões recentemente. A produção colocou Atwater, o único negro do setor de Inteligência (departamento da elite policial da cidade), sob diferentes perspectivas, mas com a mesma intenção: denunciar o racismo velado. 

Na sexta temporada, o detetive trabalhou infiltrado como amigo de um traficante negro. Ao voltarem de carro à noite, dois policiais brancos abordaram o veículo. A situação ficou tensa, até que um dos agentes atirou e matou o "negro suspeito". Neste capítulo, foi comprovado mais tarde que o bandido tentou roubar a arma do policial, justificando o tiro e livrando o patrulheiro de culpa.

Já na sétima leva de episódios, Kevin presencia o mesmo policial branco, agora promovido a detetive, abordar um jovem negro que andava na rua com uma mochila por "apresentar uma descrição suspeita". Após iniciar um tiroteio contra o pedestre, o personagem considerado racista morre, mas também mata um jovem negro, que não tinha qualquer relação com o crime. 

O resultado das duas experiências com Doyle (Mickey O’Sullivan) levaram Atwater ao limite do conflito, o obrigando a escolher entre defender a honra de um policial branco racista ou falar a verdade para a Corregedoria, alegando que a abordagem foi injustificável.

O agente decide por seus ideias e se mostra disposto a "manchar" a reputação do patrulheiro morto, despertando a fúria de amigos policiais e familiares de Doyle. Na cena final, o personagem de LaRoyce Hawkins recebe uma tentativa de intimidação dos colegas, mas não se amedronta com a pressão, criando o gancho para a próxima temporada. Confira a cena: 

Futuro das séries

A narrativa das séries policiais norte-americanas tende a mudar muito. O gênero popular entra em uma nova era após a onda de protestos raciais e deve abordar de forma diferente o jeito como policiais tentam resolver um caso. Artifícios como a truculência na abordagem, ataques de raiva durante interrogatório e negros sempre como suspeitos de crimes podem perder espaço na tela.

"Eu me sinto desconfortável com séries policiais que usam a violência ou ameaça durante interrogações. Isso já era, acabou", disse Warren Leight, showrunner de Law & Order: SVU, o maior ícone do gênero policial. A declaração ocorreu em um podcast da revista The Hollywood Reporter.

As manifestações em homenagem a George Floyd provocam mudanças no debate político e social, impacto que reverbera em Hollywood. Por comentários racistas, atores estão perdendo o emprego. Programas de TV como Cops, sobre o trabalho real da polícia, foram cancelados. E as séries policiais estão na mira.

Sucesso na TV e integrante da franquia Chicago, P.D. enfrentará um grande desafio principalmente por ter como protagonista um policial branco que usa de tortura, agressões e até ameaças de morte para fechar uma investigação, e nunca é punido por isso. 

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