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12 MOEDAS

Documentário da HBO evoca 'fantasma' e traumas da história do Brasil

DIVULGAÇÃO/HBO

O ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso em depoimento ao documentário 12 Moedas, com estante de livros ao fundo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em depoimento ao documentário 12 Moedas, da HBO

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 27/11/2020 - 6h50

Nenhum outro país mudou tantas vezes de moeda quanto o Brasil nas últimas décadas --de 1942 até 2020, foram nove trocas e muitos problemas financeiros para o povo. Na HBO, o documentário 12 Moedas se propõe a retratar como foram os períodos de mudanças na economia do país, com momentos de drama, traumas e "fantasmas" que até hoje assombram muita gente.

A atração, que estreou no início de novembro, foi criada por Roberto Rios, vice-presidente de produções originais da HBO na América Latina, e desenvolvida pela O2 Filmes. A intenção é apresentar uma investigação histórica sobre como as mudanças de moedas afetaram a economia e a vida das pessoas, com linguagem simples e explicações claras.

"As 12 moedas às quais o título se refere incluem três do período colonial: o real português, o real espanhol e o florim holandês. Logo após a independência, adotamos o real brasileiro, que logo ficou conhecido como mil-réis. Essa moeda durou até 1942, quando foi substituída pelo cruzeiro. De 1942 para cá, tivemos nada menos que nove moedas. Culpa da hiperinflação e da má gestão da nossa economia", explica o diretor-geral da série, Renato Rossi.

A produção conta com explicações de economistas, historiadores e depoimentos de pessoas envolvidas diretamente nas mudanças econômicas do país, como os políticos Maílson da Nóbrega, Delfim Netto, Gustavo Franco, Guido Mantega e Fernando Henrique Cardoso.

Eles contam bastidores das trocas de moedas e de situações terríveis pelas quais o país passou no século passado, como a hiperinflação dos anos 1980 e o confisco da poupança no governo de Fernando Collor, no início da década de 1990.

"Somos sobreviventes. Éramos cobaias de cada experimento de moeda e não sabíamos. As mudanças de moeda traziam otimismo à população, mas logo frustravam. A hiperinflação sem controle era um fantasma para todos nós, e o confisco foi uma tragédia nacional, é o ponto mais dramático do documentário. Quem tem mais de 40 anos e vivenciou essas frequentes mudanças de moeda carrega traumas daquele período", conta o diretor.

"As mudanças contínuas de ministros da Fazenda eram bizarras. A confusão era grande durante as mudanças, e a transição fazia com que duas moedas circulassem ao mesmo tempo. Era mil-réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzeiro de novo, cruzado, cruzado novo, cruzeiro mais uma vez, cruzeiro real e finalmente o real.... Aff!", lembra Rossi.

Após todo esse caos, o diretor acredita que, além de informar os mais jovens sobre os trancos e barrancos pelos quais nossa economia passou, o documentário pode provocar reflexão e alerta em relação a quem está no comando.

"Como economia é um assunto árido para o público em geral, o documentário nos faz refletir sobre o que pode vir a acontecer com a economia do país e gera consciência a todos de que tudo é possível com governantes despreparados", diz ele.


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