My So-Called Life
Divulgação/ABC
Claire Danes viveu Angela Chase em My So-Called Life; atriz venceu o Globo de Ouro com 15 anos
JOÃO DA PAZ
Publicado em 24/8/2019 - 5h29
Há 25 anos, a internet era um bicho de sete cabeças. O ultrapassado navegador Internet Explorer ainda nem existia e a vida na rede mundial de computadores engatinhava. Foi nesse ambiente que surgiu a primeira campanha online para evitar o cancelamento de uma série: My So-Called Life (1994-1995), que completará 25 anos neste domingo (25).
Protagonizada por Claire Danes (a Carrie de Homeland), a atração da rede norte-americana ABC durou somente uma temporada. Saiu do ar devido à desistência da atriz adolescente em continuar na série. As filmagens sacrificavam sua rotina, complicando a tarefa de conciliar os horários do trabalho e da escola. A audiência fraca também foi um fator de peso: a série concorria com sucessos da comédia como Friends (1994-2004, na NBC) e Martin (1992-1997, na Fox).
Chamada no Brasil de Minha Vida de Cão, a série é cultuada até hoje. Mas por que uma atração que teve vida tão curta conta com fãs fervorosos assim?
A trama tinha como trunfo retratar adolescentes sem estereótipos e enfrentando problemas reais dessa fase da vida. Angela Chase, personagem de Claire, era única na TV naquela época. Aos 15 anos, suas desventuras eram um contraste às adolescentes em voga no mundo das séries, com suas vidas embelezadas como em Barrados No Baile (1990-2000), por exemplo.
A comunidade online formada em prol de My So-Called Life tinha um diretor, o fã Steve Joyner. O nome do grupo era Operation Life Support (algo como Operação de Suporte à Vida, um trocadilho com o nome da série). Os integrantes da comunidade se chamavam de Lifers e escreviam várias cartas para executivos das redes americanas para que salvassem a série, postando os pedidos no portal AOL (American Online).
"É uma campanha de fãs da série para gerar e manter um interesse em My So-Called Life", explicou Joyner em entrevista ao MTV News, programa jornalístico do canal de música, concedida em 1995. Ele contou que recebia "cartas, faxes e e-mails de pessoas de todas as partes e idades" elogiando a série e pedindo uma nova chance.
A campanha online trouxe só um resultado: a própria MTV comprou os direitos da série para exibir reprises, encontrando no canal um público-alvo mais certeiro. Mas a segunda temporada não passou de um desejo. "[My So-Called Life] foi mais um programa que desceu pelo ralo por causa dos números da Nielsen [o Ibope dos Estados Unidos]", desabafou Joyner.
Exibida no Brasil pelo canal Multishow, My So-Called Life abriu caminho para Euphoria, série da HBO que expõe a vida de adolescentes nua e crua, um desafio à censura ao mostrar muitas drogas, sexo e problemas psicológicos. Em uma outra era e enquadrada no conservadorismo da TV aberta americana dos anos 1990, Minha Vida de Cão quebrou barreiras e mostrou sua veia vanguardista.
Angela era uma garota real, cheia de defeitos. Os meninos que se apaixonavam por ela gostavam disso, pois a ruiva era diferente das outras, que viviam sob um padrão pré-determinado pela sociedade. Angela tinha como meta achar sua personalidade, independentemente da opinião dos outros.
A trama teen tratava de temas tabus, como sexo, e foi a primeira série da TV aberta norte-americana a ter um personagem adolescente assumidamente gay, o que permitiu tratar os contratempos vividos por homossexuais dessa faixa etária.
Por abranger um leque de assuntos contemporâneos e ter uma família no centro da história, My So-Called Life era uma série para pais e mães verem juntos, assim como Euphoria. Por haver essa aproximação, o drama da HBO fez uma referência à atração cult. Na primeira temporada, em pleno final da década de 2010, a jovem Rue (Storm Reid), de 13 anos, assistia a My So-Called Life em um... notebook.
A série lançou as carreiras de Claire Danes e Jared Leto (vencedor do Oscar por Clube de Compras Dallas); ele é o vocalista da banda 30 Seconds to Mars. A atração ainda conquistou quatro indicações ao Emmy e uma para o Globo de Ouro.
Aos 15 anos, Claire venceu o Globo de Ouro de 1995 de melhor atriz em série dramática, derrotando nomes como Kathy Baker, Heather Locklear e Jane Seymour. Mais de duas décadas depois, a atriz acumula outros três troféus do Globo de Ouro e três estatuetas do Emmy (duas delas por Homeland).
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