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Professora na TV

Débora Bloch critica governo Bolsonaro: 'A gente vive a vitória da ignorância'

Mauricio Fidalgo/TV Globo

Débora Bloch caracterizada como a professora Lúcia, sua personagem na série Segunda Chamada - Mauricio Fidalgo/TV Globo

Débora Bloch caracterizada como a professora Lúcia, sua personagem na série Segunda Chamada

FERNANDA LOPES

Publicado em 24/8/2019 - 5h27

Débora Bloch está totalmente imersa no assunto educação. Desde abril ela está envolvida nos preparativos para a série Segunda Chamada, da Globo, cujas gravações terminam neste mês. Para interpretar uma professora que dá aula para adultos, a atriz visitou escolas reais e está indignada com o abandono da educação pública pelo atual Governo Federal.

"Eu espero que o assunto educação ganhe relevância [com a série]. Mesmo com tantas manifestações [a favor da educação pública de qualidade], você ainda vê pessoas defendendo esse desmonte. Acho que a gente tá vivendo exatamente a vitória da ignorância, da nossa falta de educação, da falta de investimento em educação nesse país", declara.

"[Membros do governo] São pessoas ignorantes, não sabem como se constroi uma sociedade. Não existe país sem educação e sem cultura. São dois alicerces de qualquer país civilizado", opina a atriz.

Segunda Chamada mostra o cotidiano de uma escola que funciona na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos), no turno da noite. Conflitos e dramas de professores e alunos são explorados. Débora interpreta Lúcia, uma professora de português. Para fazer o papel, ela frequentou algumas aulas e ficou abalada com o que viu.

"Tudo nesse assunto me afeta, mexe comigo. Existem EJAs em escolas particulares, mas a gente tá falando de uma escola da periferia, em regiões da cidade muito desassistidas, e de pessoas que têm uma vida muito dura. Isso afeta muito o aprendizado dessas pessoas, afeta os professores. A primeira escola que visitei era no escuro, tinha que subir três andares até ter luz. Os banheiros não estavam funcionando bem. São problemas primários, básicos", conta.

 Ao visitar as aulas para adultos, Débora conversou bastante com professoras, para saber mais sobre a rotina delas. A atriz descobriu que, assim como sua personagem, essas profissionais se envolvem muito com os alunos e suas histórias, suas dificuldades. Mais do que nunca, Débora defende a profissão e a autonomia dos professores em sala de aula. 

"Perseguição a professores [em relação a políticos que incentivaram alunos a gravarem seus professores em aula] eu acho um absurdo, uma distopia. Isso é reflexo da ignorância sobre o que é uma sala de aula, sobre o papel de um professor. A sala de aula é um lugar de debate, de aprender a ter pensamento crítico. Não é um lugar de repressão", afirma.

Segunda Chamada tem estreia prevista para outubro na Globo. A atriz espera que o público assista e valorize mais a educação pública no Brasil. 

"Eu considero a educação como a coisa mais importante numa sociedade. E isso é um assunto muito sensível no Brasil, um país tão grande com tanta criança fora da escola, com tantos problemas nessa área e tão poucas políticas públicas pra educação, cada vez menos. A série busca fazer um recorte, um retrato mais realista possível desse setor da educação no Brasil", diz.

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