Final de temporada
Reprodução/HBO
O produtor Sam Levinson e a atriz Zendaya durante programa especial da HBO sobre a série Euphoria
REDAÇÃO
Publicado em 4/8/2019 - 6h12
A primeira temporada de Euphoria, drama teen polêmico da HBO, chega ao fim neste domingo (4). Com sete episódios na conta, a série ainda não solucionou dois problemas peculiares: endireitar sua trama não-linear e estabelecer de uma vez por todas para quem a série foi feita. Afinal, ela é voltada a adolescentes ou a seus pais para levantar debates? O criador e a protagonista da atração tentaram responder o segundo imbróglio.
Entrevistados pelo site IndieWire, o produtor Sam Levinson e a atriz Zendaya foram questionados sobre o público-alvo da trama, que conta com um elenco jovem (a protagonista tinha apenas 21 anos durante as gravações) e é comandada por um roteirista de 34 anos, estreante em séries depois de escrever quatro filmes.
"Eu espero que Euphoria crie um diálogo entre pais e filhos", começou a explicar Levinson, antes de sacramentar: "Eu não acho que a série seja destinada a menores de 17 anos".
Quando ele ia fazer uma ressalva, foi interrompido por Zendaya. "Mas se seus pais quiserem conversar sobre [os acontecimentos da série], é um bom sinal", disse ela. E Levinson completou: "Se você [adulto] for assistir à série e sente que seus filhos vão vê-la de qualquer jeito, eis um boa brecha para iniciar um diálogo".
Essa indefinição sobre o que é Euphoria e para quem ela foi feita era perceptível desde o início. A série não economizou nas cenas de sexo, nudez e uso de drogas. Além disso, teve vários momentos de violências físicas ou psicológicas, tudo envelopado em cenas fortes, com agressão à mulher, por exemplo.
Uma produção assim pode ser pesada para menores de idade --a classificação indicativa na HBO é para maiores de 18 anos. Mas há quem defenda a importância de adolescentes conhecerem uma história assim. Para os que nunca viram algo parecido, serve como lição do que não se deve fazer. Para aqueles que já passaram por isso, fica o exemplo de algo que não deve ser repetido.
divulgação/hbo
Elogiada, Zendaya brilhou na primeira temporada de Euphoria na pele da adolescente Rue
Zendaya saiu em defesa da série, rebatendo parte do público que acha as cenas explícitas demais. "[As pessoas dizem] 'Nossa, é tudo tão chocante'. Para mim, não é", afirmou a atriz, antes de se continuar sua justificativa.
"Não é chocante porque eu conheço alguém que passou por algo parecido, que seguiu um caminho assim. As cenas são chocantes para as pessoas que não vivenciaram aquilo. Talvez você tenha seguido uma rota diferente ou nunca conheceu alguém que passou por uma situação semelhante, mas eu duvido disso."
A temporada de estreia não se intimidou em mostrar personagens saírem de si após beberem demais, usarem drogas até terem uma overdose, entrarem em desespero na busca por entorpecentes, nudez frontal masculina, adultos se masturbando enquanto olham para adolescentes em chats online... Tudo em prol da história.
Os críticos dizem que o material exibido está longe da realidade. Quem defende, se identifica. Mesmo sem uma trama coesa, Euphoria cumpriu a função de gerar debates sobre violência contra a mulher, gravidez na adolescência, inserção de transexuais na sociedade, sexo consensual, alcoolismo e vício em remédios.
Zendaya pontuou que a série foi concebida para passar uma mensagem relevante: "Eu espero que as pessoas sintam alguma coisa [ao ver os episódios], não importa o quê. Que vejam que não estão sozinhas, que suas experiências são válidas e que tudo o que passam são coisas a serem levadas a sério".
"Geralmente, quando uma pessoa enfrenta um momento crítico, ela sente que está sozinha, que o mundo está contra ela", continuou a atriz. "Então, é importante que essa pessoa saiba que não está sozinha. Eu torço para que quem estiver em busca [de uma ajuda ou alívio], encontre isso [na série]."
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