ANÁLISE
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Maisa e Larissa Manoela em De Volta aos 15; o que séries têm e novelas não para fisgar jovens?
Se nos anos 2000 os jovens usavam as meias de Darlene (Deborah Secco) de Celebridade (2003), compravam joias como as de Jade (Giovanna Antonelli) de O Clone (2001) e se apaixonavam pela banda fictícia de Rebelde (2004), hoje em dia quase nenhuma mais quer saber das novelas. Enraizados na mentalidade do público com menos de 35 anos como "de velho", os folhetins não fazem mais sucesso com essa fatia como acontecia antes --e será que há salvação?
Ainda que a TV aberta não tenha perdido totalmente a sua força, o consumo de séries cresceu exponencialmente principalmente entre os mais jovem. É muito mais legal assistir a De Volta aos 15 do que a Família É Tudo, por exemplo --e há motivos maiores do que só a história ou a atuação duvidosa de alguns intérpretes.
Em 2018, uma análise do Kantar Ibope revelou que a grande maioria do público das novelas na época era mais velha. Por exemplo, 69% dos consumidores de Segundo Sol (2018), de João Emanuel Carneiro, tinha mais de 35 anos.
Se antes a certeza de se tornar uma estrela estava em protagonizar uma novela da Globo, hoje o que traz essa segurança é fazer parte do elenco de uma série da Netflix. Em 2021, a emissora que estabelecia o padrão de qualidade do entretenimento brasileiro já tinha perdido mais da metade de seu público de novelas das duas últimas décadas.
O streaming se tornou bem mais atrativo para os jovens --e tem tudo a ver com a linguagem, a aproximação e o entendimento do que exatamente as pessoas dessa faixa etária querem assistir.
Na era do imediatismo, em que o TikTok e seus vídeos de menos de um minuto ganham força, poucos são os que queiram perder tempo com, pelo menos, 150 capítulos de uma história. É possível resolver os conflitos em menos de 20, como foi feito em Pedaço de Mim, ou até em menos de dez episódios, como De Volta aos 15 e suas três temporadas de apenas seis.
Ainda que tenham migrado para o streaming de certa forma e ofereçam uma nova maneira de assistir ao conteúdo, as novelas ainda afastam os jovens. A linguagem, as histórias repetitivas e a falta de atores que não se comunicam com esse determinado público são pontos cruciais no decaimento de um formato que, um dia, foi o mais popular do Brasil.
São nas tramas bem contadas que os jovens se encantam. Falta um olhar mais minucioso e carinhoso para o quê esse público espera do entretenimento, uma construção narrativa com mais dinamismo, pautas mais palpitantes, e um desenvolvimento mais criterioso.
Agora é bem mais fácil ter acesso a conteúdo de qualidade --o jovem é quem escolhe o que quer assistir e, se não há novela com boas temáticas para este público, a TV aberta continuará sendo deixada de lado.
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