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COMPLEXO DE VIRA-LATA

No Paramount+, atores criticam preconceito com séries nacionais: 'Falta de caráter'

DIVULGAÇÃO/PARAMOUNT+

Nelson (Walter Breda) com a mão na cintura. Ele veste uma camisa branca e está de boné azul

Walter Breda, protagonista de Auto Posto, desabafou sobre desvalorização de séries do Brasil

JOSÉ VIEIRA

jose@noticiasdatv.com

Publicado em 2/5/2023 - 6h30

Produções audiovisuais brasileiras costumam ser subestimadas pelos telespectadores do país. Muitas vezes, séries e filmes nacionais passam despercebidos pelo circuito comercial. Atores de Auto Posto, comédia do Paramount+, defendem a indústria cinematográfica do país e torcem para conquistar o riso da audiência. "É uma falta de caráter", critica Walter Breda, ao comentar a inferioridade que o próprio brasileiro se coloca --conhecida como complexo de vira-lata.

A segunda temporada de Auto Posto foi lançada na segunda (1º), no Paramount+. A produção teve sua estreia em 2020, pelo Comedy Central Brasil. Na ocasião, a recepção do público com a série impressionou os executivos do canal.

"Tínhamos a expectativa pessimista, realista e otimista. Fomos quatro vezes maiores do que a expectativa otimista", recorda Marcelo Botta, diretor de Auto Posto, em um evento para a imprensa que contou com a participação do Notícias da TV.

Cientes do desapego dos telespectadores brasileiros com produtos nacionais, o elenco de Auto Posto desabafou sobre a desvalorização da cultura do país. "O brasileiro tem isso de achar que o que ele faz não tem qualidade", comenta Breda, intérprete de Nelson na comédia.

O veterano estabelece uma relação entre obras estrangeiras e nacionais. Muitos artistas brasileiros não têm a oportunidade de trabalhar com o mesmo suporte financeiro e técnico de obras norte-americanas, por exemplo.

O brasileiro faz muito bem na marra. Não tão na marra assim. Acham que o Brasil não está com nada. É uma falta de caráter, complexo de vira-lata, de estar sempre subordinado às coisas.

O ator acredita que a variedade de assuntos abordados na segunda temporada conquistará uma nova leva de fãs para a série. Segundo ele, o roteiro está ainda melhor. "Tem um ritmo diferente de tudo quanto é série de comédia. Acho que esse é o grande segredo."

Micheli Machado, intérprete de Suellen, ressaltou a proximidade de Auto Posto com o cotidiano brasileiro. Ela afirma que o enredo da produção gera uma conexão imediata com a audiência. "Essa identificação das pessoas com os personagens de Auto Posto, com as situações que existem na série, faz com que seja esse sucesso."

Grace Gianoukas entra para o projeto na pele da advogada Mariângela. A atriz ressalta a importância de refletir a identidade do país em obras audiovisuais. "É o a gente precisa. Brasileiro que não consegue assistir às coisas que são a cara do Brasil é porque tem medo do espelho. Precisamos nos conhecer como sociedade, como cultura brasileira."

Antes da explosão dos streamings, o público estava acostumado com o tipo humor produzido pela Globo. Com novas oportunidades de consumo, novas perspectivas artísticas são entregues ao telespectador. "Abrir espaço na sua agenda para assistir a uma série que não tem o tamanho de uma série internacional... Você tem que amar quem faz isso", defende Paulo Tiefenthaler, que atua como Robervall na obra.

"Quando alguém diz: 'Amo ser brasileiro', dê um beijo nessa pessoa. Não sei se os brasileiros têm vergonha de falar português, se não entendem português, podemos fazer muitas piadas sobre essa análise", brinca. "É uma luta, no sentido bom. Precisamos fazer mais, cada vez melhor. Auto Posto vence pela novidade e frescor."

Formato latino-americano

Auto Posto acompanha a rotina de um posto de gasolina, chamado Amigos do Nelson. Administrado por Nelson (Walter Breda), a produção mostra a conturbada relação entre o empresário e seus funcionários. Na nova temporada, ele vê o futuro de seu posto sem bandeira ameaçado por dívidas antigas e promessas de vingança.

O enredo da série se baseia em um falso documentário, modelo estabelecido no exterior por produções como The Office (2005-2013), Modern Family (2009-2020) e Abbott Elementary, mas que é novidade no Brasil. Botta nega que tenha se baseado em referências internacionais para dirigir a produção.

"Tenho uma busca por fazer algo mais latino-americano, brasileiro. Evito só consumir referências norte-americanas, inglesas. Ao longo dos meus 38 anos, já vimos muitas coisas estrangeiras. Nos últimos tempos, tenho me esforçado para entender melhor a América Latina e o hemisfério sul", afirma.

Queria que fosse solar e colorida, mais latino-americana, brasileira. Na hora de escrever, não me pautei em referências específicas. Muitos personagens da série são inspirados em pessoas que conheci ao longo da vida. Como uma série latino-americana, ela vai ter até influência de Chaves.

A segunda temporada de Auto Posto estreou na segunda-feira (1º), no Paramount+. Assista ao trailer:


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