Episódios semanais
Reprodução/Apple TV+
As atrizes Reese Witherspoon e Jennifer Aniston no trailer da série The Morning Show, da Apple TV+
JOÃO DA PAZ
Publicado em 11/9/2019 - 4h58
Diferentemente da Netflix, que lança os episódios de suas séries de uma só vez, a Disney e a Apple vão imitar a TV convencional em suas respectivas investidas no streaming. Ambas apostarão no modelo de um episódio por semana, estratégia que vai na contramão das maratonas do sofá. Será que um formato é melhor do que o outro?
Em 2012, ao revelar que a primeira temporada de House of Cards (2013-2018) seria lançada no ano seguinte de uma só vez, com 13 episódios, a Netflix justificou o método inédito: "Ao oferecer a temporada inteira no dia do lançamento, a Netflix dá ao telespectador controle total de como e onde assistir aos episódios", disse Ted Sarandos, atual chefe de conteúdo da gigante do streaming.
Os assinantes se acostumaram aos poucos e logo virou uma necessidade passar o fim de semana assistindo à série mais quente lançada pela Netflix, por dois motivos: não ficar de fora das conversas e evitar ser surpreendido por spoilers. Mas isso acabou gerando um estresse com o passar do tempo, pois o telespectador começou a devorar as séries sem se preocupar com as nuances da trama.
Foi o que aconteceu no Brasil com Coisa Mais Linda. O drama sobre a vida de quatro mulheres no Rio de Janeiro no fim dos anos 1950 virou uma sensação instantânea. Na semana de estreia da série, era mais do que comum ver pessoas vidradas em aparelhos celulares no transporte público de São Paulo assistindo a um dos sete episódios da primeira temporada.
Mas a magia logo se dissipou. A série virou assunto nas redes sociais durante alguns (poucos) dias. Contudo, logo abriu espaço para outras atrações lançadas pela própria Netflix. Assim, questões importantes abordadas pela trama se perderam, provando que as séries da plataforma têm prazo de validade curtíssimo.
A Disney deixou claro que seu streaming, o Disney+, lançará episódios semanais. A Apple tentará um meio-termo, deixando em aberto a possibilidade de disponibilizar séries completas de uma só vez.
O que a Apple pretende com seu streaming é fazer algo parecido com a Hulu, que adota uma estratégia parecida: já fez lançamentos completos (caso da quarta temporada de Veronica Mars) ou pingados por semana (como com a vencedora do Emmy The Handmaid's Tale).
O ideal para a Apple e a Disney é atingir o que séries como Handmaid’s Tale e The Walking Dead (que nos Estados Unidos vai ao ar pelo canal pago AMC) conseguem: ficar relevante na mídia e na boca do povo durante os meses de exibição.
Essas séries são bons exemplos, pois fotos e teasers divulgados no meio da semana, antes de um episódio ir ao ar, fazem com que os telespectadores comentem o que deve acontecer na trama, o que consequentemente leva jornalistas a repercutirem os acontecimentos. A série fica viva durante mais tempo.
O plano da Disney e Apple também flerta com uma estratégia comercial. Caso lançasse episódios de uma só vez, o assinante poderia entrar no streaming, ver a série badalada em alguns dias e cancelar o plano dentro do período de carência. O Apple TV+ terá uma semana de teste grátis.
Quem quiser ver The Morning Show, série com Jennifer Aniston, Steve Carell e Reese Witherspoon, terá de usar o streaming da Apple por pelo menos dois meses; são dez episódios na primeira temporada, os três primeiros lançados na estreia do serviço.
A Netflix até faz lançamentos semanais, mas de séries que não são originais suas, como Better Call Saul ou The Good Place. No começo deste mês, a plataforma anunciou que o reality musical Rhythm + Flow terá dez episódios divididos ao longo de três semanas. No Twitter, a conta oficial da empresa esclareceu aos assinantes que essa é uma exceção que confirma uma regra.
"Para manter o vencedor de Rhythm + Flow uma surpresa para o telespectador, nós estamos tentando algo novo. Mas isso não acontecerá com outros programas", esclareceu a empresa.
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