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REPRODUÇÃO/PARAMOUNT+
Mães do Funk: Série do Paramount+ acompanha a rotina de mães de artistas do gênero musical
O teor explícito de algumas composições de funk faz com que o gênero seja recebido com certa aversão por parte da população brasileira. Mas as mães de artistas do ritmo predominante nas periferias do país vencem o preconceito com o estilo musical para auxiliar no gerenciamento da carreira de seus filhos. A mistura entre a maternidade e o meio empresarial é o tema da série Mães do Funk, da MTV e do Paramount+.
A produção acompanha a rotina de Ana Lee --mãe de MC Pedrinho e MC Nando--, Cláudia Moura --mãe de MC 7Belo--, Cláudia Santos --mãe de MC Don Juan e MV--, Lidiane --mãe de MC Brinquedo--, e Val --mãe de MC Kevin (1998-2021) e Suevilyyn. Os artistas são alguns dos principais representantes do gênero em São Paulo.
Por meio do grupo Mães do Funk, as empresárias trocam conselhos sobre o gerenciamento artístico de seus filhos, divulgam lançamentos dos cantores e fortalecem uma rede de apoio e amizade.
Ana confessa que, inicialmente, não tinha tanto apreço pelo gênero musical. MC Pedrinho lançou sua primeira canção, Dom Dom Dom, com apenas 11 anos. Aos poucos, ela deixou a desaprovação de lado e, atualmente, luta pelo reconhecimento do funk como arte.
"Nunca gostei de funk, nunca. Hoje, trabalho com o funk e respeito, levanto a bandeira do gênero, porque é uma arte. Meus filhos cantam por amor. O funk é tudo aqui pra gente. Antigamente, eu não gostava. Achava as músicas pesadas. A gente foi aprendendo a se acostumar. Quando você aprende a gostar, é completamente diferente, você ama, você se apaixona", diz Ana em entrevista ao Notícias da TV.
A primeira música de sucesso de MC Don Juan foi Me Amarro na Noite, lançada em 2016, quando ele tinha 15 anos. Cláudia Santos conta que, além do receio próprio, precisou lidar com o preconceito de sua família. A mãe do jovem afirma que estava mais acostumada com o sertanejo. Nos últimos anos, os gêneros passaram a se mesclar, o que auxiliou a matriarca a se aproximar do trabalho feito pelo filho.
"A televisão também mostrava pra gente um lado funk com bastante discriminação. Graças a Deus, o funk foi ganhando espaço e venceu. Eu tinha aquele receio, porque além de ele ser uma criança, eu conhecia o funk da televisão. Então, quando ele quis cantar funk, eu falei que não. Só que, quando vi que era tudo o que ele queria, eu larguei meu emprego e dei a mão para ele. Hoje, desço até o chão, está tudo certo. Funk é tudo, funk é funk", detalha.
MC 7Belo, conhecido pela música Raba Safada, expressou sua vontade de entrar para o ramo aos 13 anos. Cláudia Moura, sua mãe, compartilhava o receio com o gênero. No entanto, ao perceber o sonho do filho, ela se esforçou para compreender o estilo musical e deixar a intolerância de lado. Hoje, a música é sua principal forma de sustento.
"Temos que ir atrás para saber e não julgar antes. Hoje dependo do funk, sou feliz pela oportunidade que meu filho me deu. O mundo lá fora não é só o que os outros falam", diz ela. "O funk é maravilhoso e o sustento da minha vida e da minha família".
Val foi a responsável pela formação do grupo Mães do Funk. Quando MC Kevin decidiu iniciar a carreira, ela não teve receio. A empresária estava acostumada com as canções da dupla Claudinho (1975-2002) e Buchecha e de MC Marcinho (1977-2023), precursores do funk melody no Rio de Janeiro. "Eu gosto muito de dançar, então eu já ouvia o funk", explica.
A mãe de Kevin reconhece que o gênero é responsável por melhorar a vida de muitos jovens da periferia. "Para mim, o funk é considerado uma música popular hoje em dia, porque está dominando o mercado. E mudou a realidade de muitos meninos que não tinham condições de ter o que comer, igual ao meu filho. O funk é tudo na minha vida", continua.
Contudo, a pouca idade dos artistas e a falta de experiência com a indústria fonográfica fizeram com que, repentinamente, essas mulheres precisassem ampliar suas habilidades. Lidiane, mãe de MC Brinquedo, brinca que elas se tornaram até psicólogas.
Quando o Vinícius [nome de batismo de MC Brinquedo] resolveu que queria cantar funk, não dei muita credibilidade, até por ele ser muito novinho. Ele acabou me mostrando que era o que ele queria mesmo e, por minha vez, embarquei no sonho dele. Entendo que o funk muda a vida de muitos meninos, traz muitos empregos. Sou funkeira nata, seguro a bandeira do funk assim como seguro a do meu país.
"Nós somos meio psicólogas, nos formamos sem querer. É complicado conciliar, até porque eles começaram muito novos. Fazer a diferença entre o artista e a pessoa é uma tarefa bem difícil e complicada, mas conseguimos", continua Lidiane. "Na verdade, acho que a gente que é mãe e mulher tem a função de conseguir fazer várias coisas. Acaba que conseguimos fazer toda essa parte de gerir carreira também", complementa Val.
Val não era a empresária de Kevin. Porém, não deixava de o auxiliar com questões artísticas em casa. "Quando perdi o Kevin, percebi o tanto de coisa que eu fazia para ele e o quanto eu poderia ser empresária mesmo. Com nosso trabalho como mãe, nem percebemos quantas coisas fazemos. O quanto somos empresárias, somos mães, brigamos, pegamos no pé, fazemos tudo. É o ser humano mãe."
"Como eles começaram cedo, tinha aquela coisa de fama misturada com aquele menino que não tinha nada e depois tinha tudo. Tínhamos que ver se aquela coisa que estava fazendo dentro de casa, estava fazendo, vamos supor, como Don Juan ou como Matheus? Precisamos saber também como falar com eles. Cobro como mãe ou empresária?", pontua Cláudia Santos.
"Ser mãe é ser empresária, mãe, estar do lado deles em todas as fases. É como estamos hoje e como vamos ficar", opina Ana. "Além de tudo isso, somos fãs número um. As únicas que acreditam em tudo. Fazemos de tudo para eles chegarem no objetivo que querem", diz Cláudia Moura.
A série Mães do Funk estreou na quarta-feira (22) na MTV e foi disponibilizada pelo Paramount+ nesta quinta (23).
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