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Papel de viciada

Letícia Colin é confundida com usuária de crack e recebe esmola na Cracolândia

Fabio Rocha/TV Globo

A atriz Leticia Colin interpreta jovem viciada em crack na série Onde Está Meu Coração

A atriz Letícia Colin vive uma jovem viciada em crack na série Onde Está Meu Coração, do Globoplay

FERNANDA LOPES

Publicado em 13/12/2019 - 5h12

Letícia Colin incorporou tanto sua personagem na série Onde Está Meu Coração, uma jovem viciada em crack, que nem foi reconhecida durante uma gravação no meio da Cracolândia, área do centro de São Paulo que concentra usuários da droga. Caracterizada, a atriz andou pela região e chamou a atenção de pessoas que passavam por lá. Confundida com uma usuária real, Letícia até recebeu esmola.

Na trama, a atriz interpreta Amanda, uma médica de classe alta que se envolve com drogas. A ideia dos autores George Moura e Sergio Goldenberg é mostrar como a dependência química pode afetar qualquer pessoa, de qualquer classe social, e debilitar os seres humanos e a sociedade.

A série foi 100% gravada em locações e nas ruas de São Paulo. Um dos cenários escolhidos foi a Cracolândia, área muito degradada do centro da cidade em que os dependentes do crack vagueiam em buscam pela droga. 

"A gente foi ali pra região da estação da Luz. Aquele foi o momento em que a personagem foi mais fundo. Ela estava afastada da família, tinha vivido questões muito sérias, estava se sentindo muito desamparada e foi pra rua. A gente saiu com a câmera e falou: 'Letícia, vai'", diz a diretora Luiza Lima.

A equipe usou lentes capazes de filmar à distância, para que a população não notasse a presença dos profissionais. Letícia Colin estava com a caracterização de uma pessoa bem desgastada pelo uso de drogas: "Com roupa maltrapilha, descalça, pele já muito machucada, sem sutiã, realmente muito exposta", diz Luiza.

Com esse visual, ela andou pelas ruas da Cracolândia e não foi reconhecida por ninguém como uma atriz famosa da TV. Pessoas que passavam se sensibilizaram pelo estado da atriz.

"Quatro pessoas pararam e começaram a conversar com ela, perguntaram se era usuária de drogas. Ela falou que era, mas estava tentando largar. Ela se emocionou na hora, eles deram dinheiro pra ela, e a gente ficou chocado. Quando terminou, a gente os abordou e perguntou se eles aceitavam assinar o termo de cessão de direito de imagem. Eles aceitaram, ficaram impressionados por aquilo ser uma gravação", lembra a diretora.

Além dessa cena, a personagem Amanda também terá sequências bem dramáticas em que perambula pela cidade, sob efeito de drogas, e em que lida com o problema com seus familiares. Os pais dela são vividos por Mariana Lima e Fabio Assunção, e o marido da personagem é intepretado por Daniel de Oliveira.

Para a diretora e os autores, a série não pretende discutir o uso ou efeito do crack, mas sim como ele afeta as famílias e representa um problema social muito amplo.

"A gente quer mostrar o deslocamento social do crack. Ele normalmente é associado à marginalidade, aos pretos, à miséria, à Cracolândia, àquele lugar para o qual a gente não quer olhar. A partir do momento em que você traz uma garota de classe social favorecida, branca, médica, e ela está viciada, isso mexe com os nossos preconceitos. Faz com que a gente perceba que é uma questão social, humana, independentemente da classe", diz Luiza Lima.

Onde Está Meu Coração tem previsão de estreia para o primeiro semestre de 2020 no Globoplay, plataforma de streaming da Globo.

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