PAINEL NA CCXP
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Prestes a estrear uma série no Globoplay, Fábio Assunção falou sobre sua luta contra as drogas
FERNANDA LOPES
Publicado em 6/12/2019 - 16h32
Fábio Assunção abriu o coração ao falar sobre dependência química na CCXP (Comic-Con Experience), nesta sexta-feira (6). Ele participou do painel do Globoplay sobre a série Onde Está Meu Coração, em que interpreta o pai de uma jovem viciada em crack. O ator, que lida com dependência química há muitos anos, se emocionou ao mencionar esse trabalho.
"É um tema que faz parte da minha vida. Uma oportunidade de falar sobre isso e através da dramaturgia, sabe? Não através do roubo da minha imagem, mas de uma forma legítima. Podemos colocar esse assunto pra vocês. Eu conheci, durante a minha vida, os vários lados dessa história", contou.
Nos últimos anos, a dependência química de Assunção foi exposta na mídia de forma brutal, por meio de vídeos em que ele aparecia muito alterado, máscaras de Carnaval que faziam graça de seu estado e até um funk que exaltava sua "loucura".
Em Onde Está Meu Coração, prevista para estrear em 2020, a protagonista é Amanda, interpretada por Leticia Colin. Ela é uma médica que acaba se viciando em crack e mobiliza toda a família, que faz de tudo para ajudá-la a se recuperar. Na pele do pai de Amanda, o ator tem muitas cenas intensas, que o lembraram de sua própria jornada com as drogas.
"Pra mim, tudo foi emocionante. Cada coisa que eu falava pra minha filha [na série] por causa da dependência é como se eu estivesse me ouvindo também. É uma série em que eu estava presente de todas as formas, como ator, como pessoa", disse ele.
Assunção explicou que a série não falará sobre o "barato" que as drogas oferecem, mas partirá da perspectiva de como o vício atravessa uma família e de como o afeto e o cuidado são importantes para a recuperação de um dependente químico. Ele aproveitou a oportunidade para fazer também uma crítica social sobre como a questão das drogas é tratada no Brasil.
"A droga não pertence só à classe pobre, negra do Brasil e da periferia. Então, a droga não pode ser um instrumento de segregação racial, como é hoje. Quanto mais se fala sobre isso, menos a gente mitifica a pessoa [viciada] e mais a gente constrói uma sociedade verdadeira e soluciona os nossos problemas. Eu tô muito orgulhoso dessa série. Muito emocionado", concluiu.
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