ANÁLISE
Divulgação/Netflix
Julia Garner em Inventando Anna; nova minissérie da Netflix estreia nesta sexta-feira (11)
Primeira minissérie da Netflix criada por Shonda Rhimes, Inventando Anna estreia na plataforma nesta sexta-feira (11) e traz a vencedora do Emmy Julia Garner (Ozark) na pele de Anna Delvey, vigarista que roubou milhões de magnatas de Nova York (EUA). Seus golpes mirabolantes surpreenderiam até Shimon Hayut, protagonista do documentário O Golpista do Tinder (2022).
A produção é baseada no artigo How Anna Delvey Tricked New York’s Party People (Como Anna Delvey Enganou os Festeiros de Nova York, em tradução livre), escrito pela jornalista norte-americana Jessica Pressler para a revista New York Magazine.
A reportagem de Jessica dissecava as malandragens de Anna Sorokin (sobrenome verdadeiro), jovem de 25 anos nascida na Rússia que foi para os Estados Unidos em busca de fama e poder. Ela foi presa em outubro de 2017 após várias acusações de furto, roubo e estelionato.
Infiltrada na alta sociedade de Nova York, uma das mais importantes e conservadoras do mundo, Anna passou quatro anos fingindo ser uma herdeira alemã. Considerada um prodígio para a sua idade, a jovem enganou magnatas e investidores para criar uma espécie de galeria de arte, e um clube restrito, intitulada Fundação Anna Delvey.
Na minissérie, a trajetória de Anna (Julia) chama a atenção de Vivian Kent (Anna Chlumsky), jornalista que busca uma grande história para reerguer a sua carreira depois de um notório fiasco. Fascinada pela lenda que se tornou a vigarista, ela entra em contato com Anna e alguns de seus amigos (ou seguidores) para entender como uma jovem tão nova conseguiu enganar alguns dos maiores empresários dos EUA.
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Anna Chlumsky como Vivian Kent
Sob o traço dramático (e um tanto novelesco) de Shonda, a história de Anna é fascinante. Se O Golpista do Tinder surpreendeu com a sua capacidade de enganar mulheres em troca de amor e amizade, a falsa herdeira alemã foi capaz de dar golpes em milionários cujo círculo social é quase intocável para os mortais. E o mais surpreende: sem gastar nada de seu bolso.
Na época em que foi presa, Anna devia mais de US$ 200 mil (R$ 1 bilhão) a bancos, hotéis luxuosos e até mesmo uma companhia de jatos privados. Sua lábia incontestável a levava a todos os lugares, sempre acompanhada de amigos poderosos, ricos e influenciadores.
Com nove episódios, no entanto, a minissérie tropeça ao se enrolar com o seu amontoado de histórias. Personagens desaparecem no decorrer da narrativa, enquanto outros ganham mais destaque do que o necessário. Em certo momento, Inventando Anna passa a impressão de que Shonda se empolgou com os detalhes e inchou demais de conteúdo desnecessário --o mais curto tem cerca de 58 minutos.
Tal necessidade de detalhar cada passo para a ascensão de Anna ofusca alguns dos melhores momentos da série, representados na dinâmica entre Vivian e seus parceiros de redação --Terry Kinney, Jeff Perry e Anna Deveare Smith. Veteranos do jornalismo, o trio aconselha a jovem repórter e entra de cabeça no artigo.
Força da natureza em Ozark, Julia Garner também está deslumbrante em Inventando Anna --apesar do horrível sotaque russo. Com seu charme sofisticado e ar condescendente, a protagonista convence vítimas e público de que realmente faz parte da elite norte-americana apenas com seu jeito esnobe e inigualável de ser.
No final, o saldo de Inventando Anna é positivo. Tivesse cada episódios alguns minutos a menos, a minissérie de Shonda Rhimes se posicionaria como uma das melhores do gênero disponível no catálogo da Netflix.
Assista ao trailer de Inventando Anna:
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