Indicado ao Oscar vira samurai negro em Yasuke, novo anime da Netflix

Yasuke, o aguardado novo anime original da Netflix, estreia no catálogo da plataforma nesta quinta-feira (29) cercado de expectativas pelos fãs do gênero. Com LaKeith Stanfield, indicado a melhor ator coadjuvante por Judas e o Messias Negro (2021) no Oscar 2021, como dublador do protagonista (na versão dos Estados Unidos), a produção dá vida à lenda do primeiro samurai negro da história do Japão.

A lenda, contada através dos séculos por gerações de japoneses, fala de um homem africano que serviu ao lado de Oda Nobunaga (1534-1582), um dos principais senhores de terra do Japão nos anos 1500 e que governou grande parte do país.

Na adaptação da Netflix, o criador LeSean Thomas abusa de licença poética para criar a sua versão da história pessoal de Yasuke. Apesar de se passar na época do Japão feudal, a trama é recheada de personagens com forças místicas e robôs tecnológicos que mais parecem saídos de um filme futurístico dos anos 2000.

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Um anime biográfico verdadeiramente fiel à história Yasuke seria impossível, dado o quão pouco se sabe de sua origem. Não há registros históricos claros de sua vida antes de ser levado para o Japão por missionários jesuítas e apresentado a Nobunaga. Thomas, ao lado do roteirista Nick Jones Jr., se aproveita desse espaço "em branco" para contar o início de sua lenda.

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Yasuke é habilidoso com a espada

Na trama, Yasuke se tornou um dos soldados mais leais a Nobunaga após ser salvo da servidão. Com grande porte físico e habilidades de luta, ele recebeu o treinamento clássico de um samurai para ajudar o seu lorde no sonho de unificar o Japão.

A presença do samurai negro, no entanto, é mal vista por muitos dos seguidores do lorde. No Japão conservador, os militares de alta patente o enxergavam como um eterno serviçal, e nunca um companheiro de batalha. Isso faz com que outros líderes rompam com as ideias de Nobunaga, que sonhava em unir não só o território, mas todas as tribos.

Traído por seus mais antigos aliados, Nobunaga sucumbe a um ataque poderoso de soldados, arqueiros, robôs gigantes e magos --praticamente uma salada de cultura pop. Derrotado, ele pede ao fiel Yasuke que o ajude no seppuku, o ritual de suicídio dos samurais para salvar sua honra.

A trama avança 20 anos. Yasuke largou a vida de samurai e leva uma vida simples como barqueiro em um pequeno vilarejo. Logo, ele é encarregado de levar uma garota doente da aldeia, secretamente uma grande usuária de magia, a um médico que mora rio acima. Pouco depois, vilões os atacam e segredos são revelados, e o que ele acreditava ser uma pacata cidade ribeirinha se torna o local de uma grande resistência.

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Saki e Yasuke no anime

Como muitos animes da Netflix, Yasuke faz um bom uso de CGI, responsabilidade da empresa Mappa (que trabalhou em outras produções da plataforma), o que torna a qualidade da animação excepcional. Por se tratar de uma história de guerras e samurais, a série não economiza no sangue, e muitas cenas de mortes grotescas são espalhadas pelos seis episódios da primeira temporada.

O lado negativo da atração é que o protagonista tem seu arco renegado a ser um mero protetor de Saki, a garota prodígio dos poderes psíquicos. A parte mística da trama acaba se sobrepondo às lutas de espadas, tão frequentes e queridas em histórias do gênero.

A jornada de Saki para aprender a controlar seu poder é dinâmica, o que a torna mais fácil de seguir. Mas é quando o anime foca nas complexidades da bagagem de Yasuke --seu tema mais interessante-- que atinge sua melhor forma.

O formato curto de seis episódios dá a impressão de a narrativa ser um pouco acelerada, mas a qualidade da animação e a curiosidade pela jornada de Yasuke sustentam a qualidade do anime. Como história de fantasia, a lenda do samurai negro é mais uma boa adição ao catálogo da Netflix.

Assista ao trailer de Yasuke: