Histórias de um Clã
Reprodução/TNT
Arquímedes (Alejandro Awada) e Alejandro (Chino Darín) discutem após sequestro na trama
GABRIEL PERLINE
Publicado em 21/3/2016 - 5h00
Uma família de classe média, aparentemente pacata e que caberia perfeitamente em um comercial de margarina, liderou uma onda de sequestros e assassinatos em busca de recompensas milionárias, atormentando a vida dos empresários de Buenos Aires nos anos 1980. Essa história será narrada a partir desta segunda (21), na série Histórias de um Clã, no canal pago TNT.
É uma trama sinistra, macabra e perturbadora. Um terror psicológico difícil de acreditar que possa ter sido roteirizado a partir de fatos verídicos. Imagine um homem, cuja trajetória profissional inclui passagens por cargos públicos e de confiança desde a sua juventude, que decide, aos 53 anos de idade, armar uma facção criminosa e envolver os próprios filhos em seus planos. Ele existiu e se chamava Arquímedes Puccio (1929-2013). Na série, é interpretado pelo ator Alejandro Awada.
Embora Arquímedes seja o líder dos crimes, o protagonista é Alejandro Puccio (1958-2008), seu filho mais velho. E por seguir este caminho, a ficção se desprende um pouco da realidade. O primeiro episódio coloca Alejandro como vítima de um pai abusivo, que interrompe seu futuro promissor nos esportes para integrar a quadrilha, a contragosto, fato que sua biografia real não comprova.
Jogador de rugby da seleção argentina, Alejandro (Chino Darín) é um rapaz atraente, bem-humorado, rodeado de amigos e noivo de uma bela garota. Sua vida entra em desgraça quando o pai o obriga a indicar seus colegas ricos como potenciais alvos para sequestro. E o primeiro da lista foi Federico Olsen (Matías Mayer), herdeiro de uma rede de supermercados, a quem foi pedido US$ 500 mil de resgate.
O cativeiro era a própria casa da família Puccio. Alejandro é apresentado, nos primeiros segundos da série, como porteiro do inferno, por ser o responsável pela abertura do portão quando as vítimas chegavam. Além dele, seu irmão Daniel (Nazareno Casero) também foi integrado ao esquema. Arquímedes o obrigou a retornar da Austrália, sob o pretexto de que precisaria de sua ajuda para a nova empresa que iria abrir em Buenos Aires. O rapaz mal sabia que ele se tornaria o motorista da quadrilha.
Reprodução/tnt
A família Puccio vai à igreja antes de executar o primeiro crime em Histórias de um Clã
Completam a família a matriarca Epifanía (Cecilia Roth) e as filhas Silvia (María Soldi) e Adriana (Rita Pauls). As mulheres, no primeiro episódio, não fazem a menor ideia do plano arquitetado por Arquímedes e são colocadas fora de cena quando o primeiro sequestrado chega ao cativeiro.
A série tem tom cinematográfico, narrativa bem construída, ambientação temporal convincente e atuações elogiosas. Chino Darín, filho do aclamado Ricardo Darín, preenche a tela e sai da sombra do pai com uma atuação impactante, e Alejandro Awada conseguiu dar o tom sombrio adequado ao controverso Arquímedes. Cecilia Roth, que já foi uma das musas do cineasta Pedro Almodóvar, está um tanto quanto inexpressiva _talvez por culpa dos excessos de intervenções cirúrgicas na face.
Já a direção de Luis Ortega merece ressalvas por apresentar erros de continuidade e por da certo ar folhetinesco (que pende para o cafona) em algumas cenas.
Historias de um Clã possui 11 episódios e será exibida de segunda a sexta, a partir de hoje (21), sempre à 0h30, no canal TNT.
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