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Personagem corrupta

Em Sob Pressão, Fernanda Torres mata saudade de drama e alfineta ex-governador

Mauricio Fidalgo/TV Globo

Fernanda Torres caracterizada como Renata na segunda temporada da série Sob Pressão, na Globo - Mauricio Fidalgo/TV Globo

Fernanda Torres caracterizada como Renata na segunda temporada da série Sob Pressão, na Globo

FERNANDA LOPES, no Rio de Janeiro

Publicado em 7/10/2018 - 6h16

Há 19 anos Fernanda Torres não trabalhava no elenco principal de uma produção dramática na televisão. Esse jejum termina agora, na nova temporada da série Sob Pressão, que estreia nesta terça (9). A atriz interpreta Renata, uma administradora de hospital que se envolve num esquema de corrupção, e diz que muito da trama de sua personagem foi inspirada na trajetória de um ex-governador do Rio de Janeiro.

"Todo o esquema da Renata é muito baseado na vida de Sérgio Cabral", alfineta a atriz, em relação ao ex-político condenado a mais de 170 anos de prisão por corrupção, formação de quadrilha e participação em grupo criminoso. "Ele foi o roteirista", brinca Marjorie Estiano.

Na nova leva de episódios, Renata vai aparecendo aos poucos. Ela vem de uma trajetória profissional de sucesso na rede privada de saúde, com o objetivo de levantar o hospital público.

A personagem consegue melhorar as condições de trabalho e conquistar a confiança dos médicos, mas começa a lucrar ilegalmente com um esquema de corrupção que deixa a trama obscura nos episódios finais.

Fernanda Torres admite que estava com saudade de fazer uma personagem assim na TV, com conflitos morais e provocadora de um problema sério. Muito reconhecida pela atuação em comédias como Os Normais (2001-2003) e Tapas e Beijos (2011-2015), ela não fazia um papel dramático na Globo desde a microssérie Luna Caliente (1999) e a novela Selva de Pedra (1986).

"Sempre fiz drama e comédia, mas em televisão fiz séries cômicas por bastante tempo. Acho que estava com saudade de trabalhar com drama na TV. Aqui entrei num núcleo de trabalho já muito afinado, tem que entrar com uma certa humildade. Quando comecei não sabia se podia ir muito alto, muito baixo, estava ainda fora de tom, me achando", explica.

"Mas sempre acho que um ator não é cômico ou dramático. É o trabalho que nos ajusta. O raciocínio é parecido, de se adequar ao que está em volta. Gostei muito, tenho muita admiração por Sob Pressão. Eles colocaram de forma muito surpreendente na TV um espelho da realidade, algo muito difícil de construir. Não é uma série americana, realmente parece o Brasil", opina a atriz.

Apesar de a personagem de Fernanda chegar para bagunçar (ainda mais) o hospital público, o autor Lucas Paraizo afirma que a intenção não é colocar Renata como a grande antagonista do sistema. Com a série no ar em meio à efervescência política do período de eleições, a equipe quer jogar assuntos e histórias no ar para que o público pense e reflita.

"Quando a gente tem uma série que usa o universo da saúde pra contar histórias, a gente inventa doenças. Uma doença importante é a corrupção endêmica. A corrupção na saúde mata muito, mata silenciosamente", declara.

"Nossa abordagem é crítica desde a primeira temporada. A gente não necessariamente precisa julgar ou se posicionar, a gente deixa para o público. A gente quer que todo mundo assista, que todo mundo pare para refletir de alguma maneira. Acho muito pertinente estrear nesse momento. Espero que as pessoas possam olhar pra essa série e pensar bastante no que a gente está falando", afirma.

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