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Playmakers

Drogas, violência e homossexualidade: conheça a série que a NFL censurou

Divulgação/ESPN

Tony Denison (The Closer, Major Crimes) viveu um técnico na série Playmakers, da ESPN - Divulgação/ESPN

Tony Denison (The Closer, Major Crimes) viveu um técnico na série Playmakers, da ESPN

JOÃO DA PAZ

Publicado em 7/9/2017 - 6h09

A nova temporada da NFL começa nesta quinta-feira (7) com pelo menos cinco jogos por semana na TV paga brasileira. O futebol americano é tão popular nos Estados Unidos que já rendeu séries de sucesso como Friday Night Lights (2006-2011) e Ballers. Há 14 anos, no entanto, a primeira e única produção de ficção da ESPN sobre o esporte foi tão chocante que acabou censurada pela própria NFL, a liga que reúne os clubes mais caros do mundo.

Sucesso de audiência, Playmakers escancarava a vida dos jogadores de futebol americano fora de campo. Polêmica, exibiu um atleta fumando crack antes de um jogo, retratou ídolos do esporte agredindo suas próprias mulheres e um treinador em ferrenha batalha com o câncer.

Mostrou ainda strippers, teve palavrões aos montes e muitos comentários homofóbicos, ao mesmo tempo em que apresentava um jogador gay _somente 11 anos depois um praticante da elite do esporte sairia do armário.

Oficialmente, a ESPN decidiu cancelar a série. Mas, em entrevista para o jornal Los Angeles Times, em 2004, o então vice-presidente de programação do canal, Mark Shapiro, revelou que as reações da NFL contra a produção "foram um fator primário" para o fim de Playmakers.

O principal executivo da NFL na época, Paul Tagliabue, não hesitava em criticar publicamente a série. Para a HBO, ele disse que "[a trama] é cheia de estereótipos raciais e sociais. Não acho isso apropriado nem para a liga nem para nossos jogadores".

Durante as partidas da NFL que transmitia, a ESPN promovia a série nos intervalos. De acordo com o jornal The New York Times, Tagliabue chegou a ligar para o chefe da Walt Disney, dona do canal esportivo, para reclamar da propaganda. Imediatamente, o anúncio foi suspenso. Era o início da derrocada de Playmakers.

reprodução/espn

O ator Omar Gooding interpretou um jogador que fumava crack antes de entrar em campo

Minnie = Pablo Escobar?
O público amava Playmakers. A série teve média de 1,62 milhão de telespectadores por episódio, número astronômico para uma produção roteirizada em um canal esportivo. Foi a terceira maior audiência da ESPN em 2003.

Porém, pessoas próximas do futebol odiavam o drama. Além de Tagliabue, outras vozes poderosas arquitetaram seu fim.

Uma delas foi Jeffrey Lurie, dono do Philadelphia Eagles, um dos times mais populares da NFL. Ele ficou famoso por fazer uma comparação exdrúxula ao explicar o motivo pelo qual repudiava Playmakers.

"Será que eles [da Disney] gostariam de ver a Minnie Mouse retratada como o Pablo Escobar e o [parque temático] Magic Kingdom como um cartel de drogas?", disparou.

Realmente, a série pegava pesado. O prestigiado jornalista Bill Simmons disse em texto no site da ESPN que, para ele, Playmakers era a Oz do canal esportivo, numa referência à série da HBO ambientada em presídio, com cenas de estupro coletivo.

divulgação/ESPN

Imagem promocional mostra elenco da série, liderado por Jason Matthew Smith (à frente)

Playmakers em nenhum momento citava a NFL nem qualquer marca relacionada à liga. Contudo, as referências eram claras.

A equipe chamada de Cougars (Pumas) era fictícia, assim como a cidade que a abrigava. O campeonato era chamado apenas de The League (A Liga), e as cenas em campo eram raríssimas. A ação se passava nos vestiários, no centro de treinamento, na sede do clube e nas casas dos jogadores.

Isso resultou em um ponto positivo para a série, porque cenas de jogo são difíceis de serem feitas e, muitas vezes, rendem resultados extremamente falsos. E o público queria mesmo era saber os podres dos jogadores.

A posição contrária da NFL se justificava pelo fato de a liga sempre agir para acobertar as questões escancaradas pela produção.

Drogas são problemas seríssimos e, a cada temporada, dezenas de jogadores acabam suspensos. A violência doméstica é outra dura realidade, com a qual a entidade não sabe lidar muito bem. Em 2014, por exemplo, um jogador que bateu na mulher pegou um gancho de menos jogos do que outros que foram flagrados no antidoping.

De qualquer forma, Playmakers entrou para a história. Previu, 11 anos antes, a saída do armário de um jogador profissional do esporte. Em 2014, Michael Sam foi o primeiro gay a ser selecionado para um time da NFL. Mas nunca chegou a entrar em campo _no máximo, participou de equipes de treino.

A série está disponível no YouTube, em inglês.

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