Nos Estados Unidos
Imagens: Divulgação/CBS
Cedric the Entertainer (à esq.), Damon Wayans Jr. e Brandon Micheal Hall são a nova cara da CBS
JOÃO DA PAZ
Publicado em 23/5/2018 - 5h56
Enquanto no Brasil a Globo é criticada pela ausência de negros em Segundo Sol, nos Estados Unidos a emissora líder de audiência agiu para fugir do rótulo de TV embranquecida. A CBS escolheu três séries protagonizadas por negros para estrearem na fall season deste ano, entre setembro e novembro. No ano passado, só havia uma. Em 2016, zero.
O trio que dará uma nova cara para a rede é formado por Cedric the Entertainer, famoso comediante nos EUA; Damon Wayans Jr., ex-New Girl e um dos atores mais requisitados nesta temporada; e Brandon Micheal Hall, uma das revelações da última safra de séries.
Os atores negros serão protagonistas de metade das novas séries da CBS. Cedric viverá um vizinho nada amigável em The Neighborhood; Wayans Jr. receberá em casa um cantor pop emergente em Happy Together; e Hall virará amigo de Deus no Facebook em God Friended Me.
O cenário atual da CBS é bem diferente do visto há dois anos. Após apresentar uma programação com seis séries que tinham homens brancos nos papéis principais, a rede foi bombardeada por críticas.
O presidente de Entretenimento da emissora na época, Glenn Geller, defendeu as escolhas, dizendo que a CBS tinha "um ótimo equilíbrio" na escolha de elenco, por exibir atrações veteranas com mulheres protagonistas.
Em maio de 2017, Geller deixou o cargo para cuidar da saúde (ele sofreu um ataque cardíaco). A CBS promoveu Kelly Kahl para o seu lugar e colocou Thom Sherman como vice-presidente de Programação. A dupla se moveu para mudar a imagem negativa da emissora e logo apresentou uma pequena melhora.
Das seis novas séries da fall season do ano passado, uma tinha protagonista negro: S.W.A.T, estrelada por Shemar Moore. O ator, conhecido pelo papel do agente do FBI Derek Morgan em Criminal Minds, vingou no drama policial, um remake da série homônima de 1975, que foi renovado para uma segunda temporada.
Kahl e Sherman lidaram melhor com as críticas do que Geller, que tentou se esquivar. Para Kahl, em 2017 a CBS estava "na direção certa, temos feito progresso". E Sherman foi mais incisivo: "Nós queremos que nossa programação seja mais diversificada e acreditamos que chegaremos lá."
O discurso dos executivos foi mais confiante neste ano. "Estamos bem seguros sobre a nossa diversidade", falou Kahl a repórteres durante a divulgação da programação da fall season. Menos político, Sherman jogou uma indireta para a imprensa norte-americana e se gabou.
"Nós encaramos vocês [jornalistas] e nos comprometemos a melhorar [a diversidade nas séries]. Sinceramente, vi muita gente duvidando [da promessa] e, ao olhar nossa grade hoje, é possível ver que fizemos o que dissemos que íamos fazer", falou.
A atriz Missy Peregrym é a estrela de FBI, drama de Dick Wolf sobre a polícia federal dos EUA
Mulheres e minorias
A declaração de Sherman, apesar de arrogante, faz sentido. Nenhuma série da CBS que estreará na fall season de 2018 tem como ator principal um homem branco, grande avanço em comparação há dois anos.
Murphy Brown, continuação da icônica série homônima, será protagonizada por uma mulher (Candice Bergen), assim como FBI (Missy Peregrym), drama que Kahl cravou como o próximo número um da TV dos EUA. E Magnum, outra série ressuscitada, contará com um ator de origem latina (Jay Hernandez) no papel do lendário detetive.
A CBS está à frente de uma repaginada da TV norte-americana. De acordo com um levantamento feito pela revista Variety, o número de minorias na nova safra de séries da TV aberta mais do que dobrou: são 42% na temporada 2018-2019, contra 20% na passada. O número de mulheres protagonistas também cresceu de 35% para 42%.
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