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FOCO NO SOM

De cobertor na parede a conversa com boi: Elenco encara perrengue para gravar

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Os atores Paloma Bernardi e André Mattos improvisam estúdios de gravação de áudio para a série #tdvaificar...

Paloma Bernardi e André Mattos passaram sufoco para gravarem seus áudios para a série #tdvaificar...

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 14/9/2020 - 6h50

Acostumados a grandes estúdios e cidades cenográficas com tecnologia de ponta, os atores da audiossérie #tdvaificar encararam perrengues para gravarem suas falas diretamente de suas casas. Entre cobrir as paredes com cobertores para criar um isolamento acústico e negociar momentos de silêncio com bois e galinhas, eles tiveram de fazer de tudo um pouco para entregar um material de qualidade ao público.

André Mattos, intérprete do zelador Rubanildo, passa o período de isolamento social em sua fazenda em Minas Gerais. Por isso, precisou contar com a boa vontade dos animais rurais. "Todo dia eu tinha que conversar com galinha, cachorro, pedir para eles se segurarem um pouco, para o boi pra não mugir", entrega ele, aos risos.

Até quem já tinha experiência com dublagem sofreu --afinal, nenhuma casa tem os equipamentos ou a acústica de um estúdio profissional. A jovem Isabella Guarnieri (conhecida por fazer a voz de Arya Stark em Game of Thrones) recebeu uma ajudinha do pai, o também dublador Tatá Guarnieri, para poder trabalhar.

"Ele tirou todas as roupas de um armário, deixou o móvel vazio, e depois cobriu o interior com espuma para improvisar um estúdio", conta a atriz de 19 anos, que ainda precisou criar um cronograma para a utilização do guarda-roupa, já que seu irmão, Caio, e o próprio Tatá também tinham algumas dublagens que precisavam fazer. Os três ficam fechados dentro do móvel na hora de trabalhar.

Mãe da personagem de Isabella na série, Lorena Comparato mora em um prédio tão barulhento que decidiu gravar todas as suas falas na madrugada. Aí, para não ser ela a vizinha inconveniente que faz barulho fora de hora, a atriz teve uma ideia similar à da filha na ficção. "Botei cobertor na parede, em todas as quinas do quarto, para que não vazasse nenhum som. E repetia mil vezes cada fala, porque aí pelo menos uma tentativa tinha que ficar boa", exagera a ladra de cenas de Samantha! (2018-2019).

Parentes e obras barulhentas

Paloma Bernardi, a influenciadora digital Paula, improvisou uma estratégia quase mambembe para conseguir um pouco de silêncio. "Eu moro com meu pai, mãe, avó, cachorro, periquito... Então espalhei plaquinhas de 'estou gravando' pela casa. Mas era só começar que eu escutava o futebol na TV, meus pais conversando na cozinha. Eles achavam que estavam falando baixo, mas o meu áudio precisava ficar com potência, de maneira clara. Tive que contar com a colaboração da família", lembra.

Já o veterano Jairo Mattos até tentou negociar com os barulhentos de plantão, mas não conseguiu. "Eu tinha uma obra em frente de casa. Só dava pra gravar depois das 20h. Não teve acordo (risos)", lembra o intérprete do militar aposentado Magno.

Mas nada supera o drama de Angela Vieira. A atriz de 68 anos tinha todo o silêncio do mundo para gravar, mas penou para lidar com a tecnologia necessária. "Eu estava em uma casa da serra que não tinha boi nem galinha, a dificuldade fui eu mesma. Eu sou totalmente analógica, nada digital. Precisei do auxílio do meu marido [o cartunista Miguel Paiva] na instalação de tudo", ressalta ao Notícias da TV.

Lançada no último dia 28, a audiossérie #tdvaificar disponibiliza um episódio novo toda sexta-feira. A história se passa em um futuro próximo, no qual o coronavírus dizimou milhões de pessoas no país, e nada de uma vacina ficar pronta. Os personagens principais moram no mesmo condomínio e estão sempre se metendo uns nas vidas dos outros. Qualquer semelhança com a realidade...


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