RESTRIÇÃO ALIMENTAR
DIVULGAÇÃO/A&E
Competidoras do concurso Miss América se sujeitavam a dietas intensas para alcançar a magreza
Com a expansão europeia, os padrões impostos ao corpo feminino passaram a ser atrelados à magreza. Durante muitos anos, concursos de beleza consideravam o físico de suas participantes como uma das principais etapas avaliativas. Caressa Cameron Jackson, campeã do Miss América 2010, relata ter presenciado a cultura tóxica das dietas entre candidatas da competição, que seguiam em constante busca pela aparência "perfeita".
Caressa é uma das entrevistadas da série documental Segredos do Miss América, que estreia neste domingo (22) no canal A&E. A produção acompanha os bastidores da competição estadunidense e o histórico de assédio e intolerâncias praticados por seus diretores.
Em um evento para a imprensa que contou com a participação do Notícias da TV, a ex-modelo revela que a rotina alimentar das candidatas se restringia a proteínas e vegetais, sem carboidratos: "Não digo que as mulheres não comiam, mas comiam de uma forma que não promovia o bem estar".
"O corpo precisa de carboidratos. Tomavam pastilhas para desidratar e eliminar o inchaço. Tomavam laxantes. Acredito que essa cultura da alimentação e da dieta tóxica atinge um nível internacional no mundo dos concursos de beleza", continua.
Caressa destaca que as restrições tinham o intuito de atingir um padrão impossível de beleza, que não é natural e realista. Durante sua participação no concurso, a ex-modelo precisou cortar alguns alimentos de seu dia a dia. Ela reintroduziu o consumo de certos produtos após o fim do reinado, como açúcar, arroz e pão.
Me custou muito ver meu próprio corpo quando voltei ao meu peso natural. E me refiro a um peso que, quando estou em uma dieta equilibrada e me exercito, sou naturalmente tamanho nove. Mas quando estamos em uma competição em que é necessário ser tamanho dois, é muito difícil se ver em um tamanho três ou quatro vezes a maior. Desde os 17 anos, achei que ser bonita era ter tamanho dois.
A campeã alerta que magreza não é sinônimo de bem estar. Caressa reforça que, para concursos que celebram a beleza feminina, o ideal seria exemplificar como ter um estilo de vida saudável e enaltecer todos os tamanhos de corpos. "Quando está super fraca e magra, é tão pouco saudável quanto uma pessoa obesa que não se move. São os dois extremos".
Gretchen Carlson, coroada Miss América em 1989, assumiu a presidência da organização em 2018, após escândalos de assédio que envolveram ex-diretores. Influenciada pelo movimento Me Too, ela deu início ao Miss América 2.0, num esforço para modernizar os fundamentos da instituição. Em 2019, extinguiu o desfile de biquíni, umas das principais provas da competição.
"O desfile de biquíni era controverso. Foi um passo progressista, mas nem todos os concursos de base estavam de acordo. Parte do atrativo dos concursos era ver mulheres bonitas e celebrá-las. Foi um momento muito importante entre as pessoas que queriam manter as tradições e as pessoas que queriam ser mais progressistas, deixando de lado a avaliação de mulheres em trajes de banho", explica Suzanne Lavery, produtora da série.
Com o fim do desfile, o físico das competidoras deixou de ser um ponto avaliativo para a competição. A prova foi substituída por entrevistas no palco. "Não somos mais um concurso de beleza. Miss América representará uma nova geração de líderes femininas focadas no estudo, impacto social, talento e empoderamento", disse Gretchen, na ocasião.
Gretchen se tornou alvo de ataques por sua decisão. Ela renunciou ao cargo de presidente em junho de 2019.
Os dois primeiros episódios de Segredos do Miss América serão lançados neste domingo, às 21h45, no A&E. Assista ao trailer:
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