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BLASFÊMIA

Criador de The Chosen se choca com sucesso: 'Jesus é um protagonista ruim'

Reprodução/Angel Studios

Jonathan Roumie tem expressão de choque e dor em cena da série The Chosen - Os Escolhidos

Jonathan Roumie interpreta Jesus na série The Chosen: foco da narrativa está em coadjuvantes

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 30/5/2024 - 9h44

Criador, roteirista e diretor da série The Chosen, Dallas Jenkins ainda se surpreende com o sucesso da produção religiosa --que já atingiu mais de 200 milhões de pessoas no mundo todo e ainda virou um fenômeno de bilheteria nos cinemas, embora esteja disponível gratuitamente na internet. "Jesus é um protagonista ruim", alfinetou o produtor.

A crítica não se refere à personalidade do filho de Deus, é claro, mas ao fato de que Cristo não passa pelo caminho tradicional de um protagonista de qualquer narrativa fictícia. "Ele não aprende nada, ele não cresce, ele não tem nenhum conflito", resumiu Jenkins em entrevista ao The Hollywood Reporter. "E eu sei que é horrível admitir isso."

Foi justamente essa percepção que levou o cineasta a optar por uma história diferente do que outras histórias bíblicas haviam feito no passado. Ele tirou o foco de Jesus e transformou o Livro Sagrado em uma trama coletiva, com os apóstolos e outros personagens ganhando tanto (ou mais) destaque.

Jenkins se inspirou na aclamada série The Wire (2002-2008), da HBO, para construir The Chosen. Como na produção de David Simon, a história constrói o seu personagem principal com foco nos coadjuvantes, mostrando diferentes pontos de vista, posições sociais e crenças.

Também bebeu na fonte de The West Wing (1999-2006), que só mostrou o presidente dos Estados Unidos, vivido por Martin Sheen, nos últimos cinco minutos do primeiro episódio. Toda a narrativa é construída em cima de sua equipe no governo, criando expectativa para a aparição do mandachuva.

A visão diferente de tudo o que já tinha sido feita também causou apreensão no produtor. Ele afirmou para Jonathan Roumie, escalado para interpretar Jesus em The Chosen, que a série não iria longe. "Dallas diminuiu minhas expectativas, dizendo: 'Olha, isso provavelmente não vai dar em nada, mas a gente vai fazer pelo menos uns dois episódios'", contou o ator à reportagem.

Os "dois episódios" já viraram quatro temporadas, com a quinta a caminho e outra já confirmada. O sexto ano, aliás, deve colocar Jesus no centro da narrativa, com a representação da crucificação como o ápice da história. As cenas prometem ser fortes, mas sem repetir o horror explícito de filmes como A Paixão de Cristo (2004). "Queremos destacar a ligação de Jesus com seus amigos e parentes", adiantou o diretor.

E se engana quem pensa que a história vai acabar ali. Dallas Jenkins já planeja histórias derivadas e pensa em transformar a Bíblia em uma espécie de Universo Cinematográfico da Marvel, com várias séries conectadas.

"Moisés era como um Tony Soprano relutante", compara o cineasta, fazendo referência ao protagonista de Família Soprano (1999-2007). "Ele era o chefe de uma família imensa, mas não queria isso para ele."

Os cinemas brasileiros estreiam nesta quinta-feira (30) os dois episódios finais da quarta temporada de The Chosen. Os três primeiros anos estão disponíveis na Netflix e no streaming oficial da série.

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