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Terceira temporada

Como Good Fight supera censura e vai até o limite da liberdade de expressão

Imagens: Divulgação/CBS All Access

Audra McDonald e Christine Baranski na terceira temporada de Good Fight, disponível no Prime Video - Imagens: Divulgação/CBS All Access

Audra McDonald e Christine Baranski na terceira temporada de Good Fight, disponível no Prime Video

JOÃO DA PAZ

Publicado em 29/5/2019 - 5h23

Série que tem tudo para concorrer ao Emmy de melhor drama neste ano, The Good Fight flerta com o limite da liberdade da expressão desde sua estreia, em 2017. A atração, sobre uma firma de advocacia de elite, gozava de uma licença criativa plena. Porém, a censura chegou na terceira temporada e quase levou ao fim o filhote de Good Wife (2009-2016).

A nova leva de episódios, que entra nesta quarta (29) no catálogo do Prime Video, o streaming da Amazon, comprova o que The Good Fight tem de melhor: levantar bandeira contra o governo de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e ter discurso ferrenho contra injustiças sociais e desigualdades (seja de gênero ou raça).

Lá pela metade da temporada, no meio desse balaio todo, os criadores da série foram surpreendidos com a reprovação de uma sequência programada para ser exibida no oitavo episódio.

Nos EUA, The Good Fight é atração do CBS All Access, o streaming da rede CBS (o equivalente ao Globoplay da Globo). Cada episódio da terceira temporada conta com animações musicais que ajudam a explicar e ironizar temas apresentados, como o funcionamento do serviço de inteligência americana, imbróglios com a imigração e o fatídico golden shower de Trump.

Tudo caminhava com tranquilidade para a exibição de uma animação sobre como as empresas americanas se autocensuram para agradar o mercado da China, país extremamente restrito a entrada de qualquer coisa estrangeira. O episódio em questão falou de uma plataforma de vídeos online que censurou personalidades conservadoras nos EUA, testando algoritmos que seriam usados na China.

O site The New Yorker teve acesso ao vídeo censurado, que mostraria o presidente do país, Xi Jinping, como o Ursinho Pooh, com quem ele é comparado pelos seus zombadores. A peça continha conteúdo pesado contra o governo chinês.

Duas semanas antes de o episódio ir ao ar, a CBS disse ao casal King (Robert e Michelle), criador de Good Fight, que a animação não poderia ir ao ar. Eles ameaçaram abandonar a série.

Ambos os lados chegaram a um acordo, e no trecho do episódio no qual a animação seria exibida apareceu uma tela preta com a mensagem CBS Censurou Este Conteúdo, exibida durante oito segundos e meio. O casal King queria que o recado ficasse por noventa segundos no ar, o tempo integral que a animação teria no episódio.

Mensagem que indica ao telespectador que trecho do drama The Good Fight foi censurado


Soco em nazista e resistência

Série de forte viés esquerdista, The Good Fight representa o que é viver em um país cheio de incertezas na política. O drama não foge da briga e parte para cima, atacando problemas que vão de violência policial ao reaparecimento de manifestações nazistas.

Um episódio dessa nova temporada, inclusive, tem o título Aquele no qual um Nazi Leva um Soco, sobre um grupo de homens que intimidam eleitores na zona rural do Estado de Illinois. Nele, um homem negro justifica porque um nazista merece apanhar.

Nessa linha de ir até o limite da liberdade de expressão, The Good Fight aborda acusações de assédio sexual envolvendo um dos nomes mais poderosos da firma Reddick, Boseman & Lockhart.

Essa parte da trama espelha o que aconteceu de verdade com Leslie Moonves, ex-diretor-executivo da CBS que deixou o cargo após denúncias de assédio sexual. A série não hesitou em se inspirar num escândalo que envolveu um nome da alta cúpula da própria emissora que a exibe nos EUA.

Obcecada por Trump, The Good Fight vai além na terceira temporada, pois os personagens não apenas ficam descontentes com o andamento do governo ou reclamam pelos corredores.

As advogadas Diane Lockhart (Christine Baranski) e Liz Reddick (Audra McDonald) se unem a um grupo de mulheres que tramam esquemas para minar a popularidade do atual presidente, com o objetivo de colocar em risco uma possível reeleição em 2020. As táticas são infinitas, e vale até burlar normas, ferir a ética e agir na ilegalidade para arranhar a imagem de Trump perante a opinião pública. 

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