Segunda Temporada
Imagens: Divulgação/CBS All Access
Christine Baranski e Delroy Lindo na segunda temporada de Good Fight; presidente dos EUA zoado sem dó
JOÃO DA PAZ
Publicado em 6/7/2018 - 5h45
Falar mal de Donald Trump ou zoar a cara dele é tendência na TV dos Estados Unidos, em comédias ou em talk shows. Mas nenhuma série bate tão pesado no atual presidente norte-americano do que The Good Fight. Na segunda temporada, surge até um vídeo da suruba de que Trump supostamente teria participado na Rússia, com direito a "chuva dourada".
As imagens, rotuladas pela imprensa de "vídeo do xixi", aparecem em uma discussão sobre o possível impeachment de Trump, abordado na nova leva de episódios, que o Prime Video (da Amazon) disponibiliza a partir desta sexta-feira (6).
A temporada, que também retrata o impacto das fake news na política e no cotidiano da população, enumera a cada capítulo os dias de Trump na presidência. Isso para deixar claro que a série anda lado a lado com os acontecimentos reais que assombram a política americana.
A "chuva dourada" em questão surge nesse contexto. A suposta tara de Trump apareceu em um dossiê, revelado no começo do ano passado, antes mesmo de sua posse. O ex-empresário teria participado de uma farra com prostitutas, há cinco ano. Na festinha, elas teriam urinado na frente dele, na cama em que ele dormiu. O apreço pelo fetiche foi rechaçado por Trump, que disse ser bastante germofóbico.
Expulsão
Para o povo brasileiro, impeachment é uma palavra bem familiar (quatro presidentes já deixaram o cargo por decisão do Congresso Nacional). Nos Estados Unidos, três processos tramitaram em Washington, mas não provocaram nenhuma queda.
Na série, o impeachment de Trump começa a ser abordado a partir do sétimo episódio. Do início até esse ponto, a trama apenas mostra a protagonista, a advogada Diane Lockhart (Christine Baranski), irritada e boquiaberta a cada notícia que vê sobre o controverso presidente, ao zapear a TV antes de dormir.
Como se estivesse na temporada Cult de American Horror Story, a esquerdista Diane se vê apavorada por viver em um mundo no qual um homem tão conservador e retrógado comanda o país. A chance de destroná-lo brota assim que uma consultora do Partido Democrata, chamada Ruth Eastman (Margo Martindale), rival de Trump, procura uma firma de advogados para tirar o presidente do poder.
Ruth bate na porta do trabalho de Diane e ela, juntamente com seus sócios, elabora argumentos legais e sustentáveis contra Trump, para serem usados pelos democratas caso eles saiam como os vencedores da eleição para o Congresso, em novembro. A série replica na ficção o que a população discute no dia a dia, inclusive se a festinha com "chuva dourada" é suficiente para destituí-lo do cargo.
Margo Martindale e Delroy Lindo em Good Fight; "vídeo do xixi" faz tela do notebook brilhar
Por lá, há diversos livros explicando as possibilidades de um impeachment de Trump. O assunto é debatido nas ruas, universidades e, claro, em programas de TV. Até canecas e balas a favor da expulsão de Trump são comercializadas.
"A ideia de fazer um episódio sobre o impeachment de Trump foi pensada porque é um assunto que está na mente de todo mundo", disse Michelle King, cocriadora da série ao lado do marido Robert, em entrevista para o site da Entertainment Weekly.
Como a série tratou de alegações espinhosas envolvendo Trump, de suposto estupro de uma Miss Teen dos Estados Unidos a envolvimento em surubas, os criadores elaboraram não apenas um plano B, mas um C e um D caso a CBS, que disponibiliza a série em sua plataforma digital, porventura solicitasse algum corte aqui ou ali.
"Nós demos sorte", disse Robert sobre a reação da emissora líder de audiência dos EUA ao ver os roteiros do episódio. "[Os executivos] somente pediram que as falas dos personagens fossem contextualizados como hipóteses, probabilidades, e não de forma absoluta."
Temas contemporâneos
Um dos dramas mais bem avaliados pela mídia americana, The Good Fight tem como característica a destreza em trazer para a ficção temas da vida real, tudo feito com o mais absoluto bom gosto, sem ser panfletagem ou algo parecido.
E toda problemática apresentada sempre vem com dois pontos de vistas diferentes, opostos extremos. Trump é ridicularizado na trama, mas há um personagem, o advogado Julius Cain (Michael Boatman) que é eleitor e defensor do presidente.
A segunda temporada se inspira também em casos como o escândalo no reality show Bachelor in Paradise, da rival ABC: uma das participantes disse ter sido abusada sexualmente enquanto estava no programa. Há ainda espaço para tratar de posse de armas, imigração, corrupção policial e neonazismo.
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