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ROTA 66

Caco Barcellos virou mensageiro da morte durante apuração jornalística

MAURICIO FIDALGO/TV GLOBO

Imagem de Caco Barcellos em ensaio fotográfico

Caco Barcellos; jornalista virou mensageiro da morte durante apuração para o livro Rota 66

Há mais de 30 anos, Caco Barcellos era uma espécie de mensageiro da morte durante a investigação jornalística que originou o livro Rota 66 - A história da polícia que mata (1992). "Mandava cartas para os familiares", recorda o jornalista, que vê seu trabalho icônico virar uma série original do Globoplay.

"Quando identificava uma pessoa morta, mandava uma carta para a família [da vítima] fazendo várias perguntas, mas a principal era se eles pensavam em receber uma indenização ou se já tinha tido alguma indenização. Dos 4.200 [corpos] que identifiquei, nenhuma família tinha tido um centavo de indenização", lamenta Barcellos.

Em 1992, o líder do Profissão Repórter, da Globo, publicou o livro reportagem no qual detalhou como oficiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, tinham um "esquadrão da morte" que executava pessoas inocentes durante os anos 1970 e 1990.

Essa investigação venceu o prêmio Jabuti em 1993 e é um dos principais trabalhos da carreira de Barcellos. "Durante o processo de apuração, eu me imaginava fazendo um roteiro para o cinema, uma série. Recordo de andar nas comunidades e, sempre que encontrava uma vítima das ações, tentava captar os diálogos e todos os detalhes, tentando construir um futuro roteiro", entrega ele na apresentação à imprensa da série, em que o Notícias da TV esteve presente.

Na nova trama do Globoplay, Humberto Carrão interpreta o profissional gaúcho e retrata os desafios que o jornalista então recém-chegado a São Paulo enfrentou para descobrir o que estava por trás daquelas mortes. E, para interpretar um personagem inspirado em uma pessoa real, o ator bebeu direto na fonte.

"O personagem Caco, nos primeiros momentos, dividia muito com as pessoas ao redor o que estava descobrindo. Acho que o próprio Caco falou para o Philippe [Barcinsk, diretor e roteirista da série]: 'Olha, não fazia isso'. Foi um ponto de virada importante na construção do roteiro, porque é um personagem que guarda muitas coisas, por isso, sofre muito com isso", detalha Carrão.

"O que se pode esperar é o olhar dessa violência do Estado contra os trabalhadores de baixa renda, sob o olhar das vítimas. Há outras produções que mostram o olhar e a razão da polícia, focado nas ações violentas a partir de quem dispara o gatilhos. No livro e na série, o que importa é esse mergulho na vida de quem tem a sua família destruída por essas ações", complementa o ex-correspondente internacional da Globo.

Rota 66 - A Polícia que Mata tem oito episódios, e os dois primeiros serão disponibilizados nesta quinta (22) para os assinantes do Globoplay. Os demais serão adicionados semanalmente, sempre às quintas, em blocos com dois episódios cada. Assista ao trailer:


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