Indecência na TV
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Abbi Jacobson fica boquiaberta ao ver a cinta peniana de um parceiro em episódio da comédia Broad City
JOÃO DA PAZ
Publicado em 20/6/2019 - 5h25
A HBO conseguiu o que queria: Euphoria causou um bafafá logo no primeiro episódio, com cenas fortes de drogas e sexo. E não foram só as imagens ousadas que chamaram a atenção do público. No ar desde domingo (16), o drama protagonizado por Zendaya (ex-estrela teen do Disney Channel) é sem-vergonha até em seus diálogos, com muito papo sórdido.
Euphoria já conquistou seu espaço entre as séries com zero pudor, sob medida para quem curte uma indecência. Mas a novidade está longe de ser a única do gênero.
De Girls a Broad City, passando por Sex Education, Masters of Sex e The Deuce, confira cinco séries sem-vergonha para ver neste feriadão, antes do novo episódio de Euphoria, que vai ao ar no próximo domingo (23), às 23h.
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Abbi depila o buço e apara a sombrancelha e Ilana tira uma soneca na comédia Broad City
Moderninha até para a feminista mais radical, Broad City (de sexta para sábado, à 0h; e de domingo para segunda, no mesmo horário, com dois episódios na sequência) não nega ser boca-suja. As nova-iorquinas Abbi Adams (Abbi Jacobson) e Ilana Wexler (Ilana Glazer) têm uma amizade na qual não há limites de assuntos, que podem ir de depilação íntima a fazer sexo com estranhos.
Hilária e muito bem-feita, Broad City (2014-2019) tem como marca a narrativa de duas jovens fora do padrão, seja estético ou comportamental. As cenas de sexo são as mais engraçadas e constrangedoras, como a vez na qual Abbi estava com um cara, sugeriu trocar de posição e ele prontamente ficou de quatro, esperando que ela o penetrasse com uma cinta peniana. Ela foi em um canto e ligou para Ilana em busca de uma solução ao dilema, se deveria atender o pedido do parceiro ou não.
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Allison Williams em beijo grego em Girls; Andy Samberg repete o gesto em estatueta do Emmy
Vencedora do Globo de Ouro, Girls (2012-2017) mostrou um tipo de sexo sem frescura, bem mais próximo da realidade do que as cenas vistas em algumas produções hollywoodianas. A série chegou a ter uma sequência vetada pela HBO na segunda temporada, pois a criadora e protagonista da comédia, Lena Dunham, pretendia mostrar Elijah (Andrew Rannells) ejaculando.
Somente na quarta temporada, Girls conseguiu chegar lá e rompeu essa barreira, com o gozo de Adam (Adam Driver) --que na verdade foi feito com uma mistura de condicionador e creme hidratante.
Além de personagens fumando crack, usando o banheiro e discutindo sobre DSTs, Girls mostrou todos os tipos de sexo possíveis, nas posições mais desafiadoras. Uma das cenas mais icônicas, motivo de piada durante a cerimônia do Emmy de 2015, foi o "beijo grego" (carícia com a língua no ânus) que Desi Harperin (Ebon Moss-Bachrach) deu em Marnie (Allison Williams).
reprodução/showtime
Michael Sheen observa Emily Kinney fazendo sexo em laboratório da série Masters of Sex
Uma das séries mais importantes da década, Masters of Sex (2013-2016) trouxe a educação sexual para a TV. O drama acompanhou a jornada real dos sexólogos William Masters (Michael Sheen) e Virginia Johnson (Lizzy Caplan), desenvolvedores de estudos pioneiros nas décadas de 1950 e 1960. A cada episódio, o telespectador recebia várias dicas de como ter prazer sexual, sozinho ou com um parceiro(a).
Logicamente, o drama não economizou nos termos sujos, mas também fazia questão de explicar tecnicalidades. A dupla de estudiosos tinha um laboratório no qual observava clientes fazendo sexo, orientando-os para tornar a experiência mais agradável: ensinavam o jeito correto da mulher sentar no homem, como ele poderia ser mais cuidadoso na hora da penetração, e coisas do tipo.
repdoução/netflix
Em Sex Education, Aimee (Aimee Lou Wood) ouviu "médico" e resolveu seu problema sozinha
Perto de Sex Education, Masters of Sex é uma série quadrada e sóbria. A comédia da Netflix também dá lições sobre sexo, mas de adolescentes para adolescentes, sem filtro. A ironia aqui é que o metido a terapeuta sexual, o atrapalhado Otis Milburn (Asa Butterfield), sequer perdeu a virgindade e tem vergonha de se masturbar.
Tudo o que ele ensina e orienta para os colegas de sua escola vem do que aprende bisbilhotando as conversas da mãe, essa sim uma profissional da área, vivida por Gillian Anderson, ex-Arquivo X.
Otis teve sucesso nos seus atendimentos. Ele ajudou uma menina a descobrir o prazer no sexo. "Está me receitando uma siririca [masturbação feminina]"? perguntou ela, que ouviu um "sim" de Otis. Deu tão certo que ela, além de sentir prazer consigo mesma, parou de fingir orgasmos com o namorado.
Mas Sex Education vai além disso e mostra até um jovem que tem um pênis muito grande e não sabe bem como lidar com o membro avantajado. A série ainda aborda a descoberta do sexo lésbico, fantasias sexuais e masturbação masculina.
reprodução/hbo
Bastidores de um filme pornô mostrados no drama The Deuce; sexo vintage dos anos 1970
O que dizer de The Deuce, uma série sobre o crescimento da indústria pornográfica nos Estados Unidos dos anos 1970 e 1980, exibida na HBO? É o casamento perfeito de um tema libertino em uma vitrine sem veto para a imoralidade. Haja pênis e vagina (todos peludos), bunda e bastante sexo vintage.
O legal é que a trama não mostra o sexo pelo sexo. Há várias histórias interessantes intercaladas entre as cenas (quase) explícitas, incluindo relações gays.
A história principal, e a melhor de todas, segue Eileen "Candy" Merrell (Maggie Gyllenhaal), uma prostituta de rua que quer largar essa vida e virar uma produtora, editora e diretora de filmes pornô. Seu objetivo é deixar de ser explorada e assumir uma posição de liderança, ao dar uma pegada feminina para a indústria.
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