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COM CAPIVARAS

Drag Race Brasil ignora estereótipos e dá gás a fórmula quase batida de RuPaul

REPRODUÇÃO/PARAMOUNT+

A drag queen Melusine Sparkle está vestida com uma fantasia de Capivara com cabelo rosa e um biquíni rosa

Melunise Sparkle se transforma em capivara no desfile 'Minhas Raízes' em Drag Race Brasil

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 31/8/2023 - 6h30

O primeiro episódio de Drag Race Brasil, já disponível no Paramount+, resgata o que há de melhor na franquia criada por RuPaul Charles. O programa dá gás a uma fórmula que está cada vez mais próxima de chegar à exaustão com uma temporada atrás da outra --ignorando estereótipos dos gringos sobre o Brasil em favor de um "Instituto Butantan de perucas".

Afinal, veneno é a palavra que melhor descreve a estreia, na qual as participantes não tiveram medo de falar o que lhes veio à cabeça. A première já deixou claro que a atração vai entregar o que há de mais interessante em um reality show: o conflito.

Se a versão norte-americana já foi até apelidada de "Best Friend's Race" [corrida das melhores amigas, em inglês] pela falta de confrontos, a edição brasileira já apontou até um arco de rivalidade --Diva More e Miranda Lebrão se estranharam nos bastidores.

Curiosamente, as melhores temporadas de Drag Race foram justamente aquelas que apostaram nessa narrativa. A quarta (2012) foi baseada na briga entre Sharon Needles e a "vilã" Phi Phi O'Hara, a qual voltaria a arranjar confusão com Alyssa Edwards no All Stars 2 (2016).

Os exemplos são quase infinitos e vão de Jinkx Monsoon contra a aliança formada por Alaska, Detox e Roxxxy Andrews em 2017; Bob The Drag Queen contra Derrick Barry em 2020; a absolutamente todo o elenco do All Stars 1 (2012) dando um coro na rejeitada Mimi Imfurst.

Um dos problemas enfrentados pela versão norte-americana era que as vilãs acabavam recebendo até ameaças de morte nas redes sociais. O Brasil, porém, já tem uma cultura um tanto diferente, em que a ofensa faz parte do cotidiano --até quase como vírgula e ponto-final.

reprodução/PARAMOUNT+

Naza roubou a cena em estreia

Japonês em braille

Drag Race Brasil obviamente tem alguns problemas, principalmente relacionados à edição e ao ritmo, mas o carisma do elenco ajuda a minimizar os erros. A apresentadora Grag Queen, que venceu o Queen of The Universe (2021), mostra uma segurança impressionante para uma novata no posto --bem mais do que Valentina na versão mexicana ou Priscila na italiana.

Os jurados Dudu Bertholini e Bruna Braga igualmente retomam uma tradição que também já foi perdida nas edições anteriores de Drag Race. Eles não tiveram o menor receio de acabar com as participantes no desafio de "rumix" --em que tinham que compor, cantar e gravar um verso.

O júri ainda não está 100% entrosado, mas é possível ver que a química entre eles existe. Uma preparação anterior poderia ajudar o programa a já começar numa temperatura maior, em vez de ir crescendo ao longo da temporada.

reprodução/PARAMOUNT+

Bruna Braga: jurada certeira

Bruna, inclusive, é a pessoa de todo o elenco que entendeu melhor qual é a proposta de Drag Race Brasil. Ela traz as melhores referências e não tem dedos para falar de brasilidade, chegando até mesmo a citar um dos versos de Djavan em suas críticas: "aprender japonês em braille".

Se o público brasileiro teve que se virar para entender o porquê de RuPaul ser obcecado por El Debarge, os gringos que se virem para entender as nossas referências. E elas não faltaram: do calçadão de Ipanema, passando pelo vidro nos muros, capivaras e até os azulejos criados por Cândido Portinari (1903-1962) para a Igreja da Pampulha.

Brasil vs the world

Assim como em Caravana das Drags, os produtores de elenco de Drag Race Brasil acertaram em cheio. Naza é claramente uma das mais carismáticas, enquanto Aquarela --comparada a Seu Madruga na web-- é a narradora da vez. Até a mais tímida, Betina Polaroid, tem muito mais personalidade do que as competidoras extrovertidas de outras franquias internacionais.

reprodução/PARAMOUNT+

Casa suburbana inspira Miranda Lebrão

No primeiro episódio, já fica claro que as drags brasileiras vão com certeza parar nas competições internacionais como Global All Stars ou Vs The World. Aliás, algumas delas --como Rubi Ocean-- mostraram que estão também de olho no público internacional.

O resultado do primeiro desafio não foi lá dos melhores, apesar de a franquia já ter entregado rumixes bem piores por aí, mas reforçou o quanto Drag Race Brasil é promissor. Afinal, o episódio deixa sim a vontade de assistir ao próximo --e ao próximo, ao seguinte e a mais um...


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