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FOGO NA POLÍTICA

BBB pode virar pauta de Brasília? Na Argentina, reality tirou sono do presidente

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Montagem com Jair Bolsonaro (PL) e Tadeu Schmidt

Jair Bolsonaro (PL) e Tadeu Schmidt no BBB; reality show tirou sono do presidente da Argentina

Que a Globo e Jair Bolsonaro (PL) não se bicam, isso todos sabem. Agora, já passou pela sua cabeça a ideia de o presidente recrutar advogados e porta-vozes em Brasília contra a emissora por causa de um participante do Big Brother Brasil? Uma situação inusitada como essa ocorreu na Argentina nos últimos dias e tirou o sono do presidente Alberto Fernández.

Tudo começou no último dia 17, quando o Gran Hermano, versão argentina do Big Brother, voltou ao ar pela Telefe --a atração havia deixado a grade do canal em 2012 e teve duas temporadas produzidas pela concorrente América nos anos de 2015 e 2016, respectivamente.

Entre os participantes que disputam o prêmio de 15 milhões de pesos argentinos, cerca de R$ 510 mil, encontram-se o mecânico Walter Santiago, apelidado de Alfa, e a ex-deputada Romina Uhrig.

Durante uma conversa com a colega, o brother acusou Fernández de corrupção:

Meu melhor amigo, desde a escola, é o braço direito do Alberto Fernández. Conheço o Alberto há 35 anos, eu paguei propina para ele várias vezes. Existem muitos políticos que se agarram ao poder e fazem fortunas.

Assim como ocorre aqui com o BBB, o vídeo dessa fala viralizou nas redes sociais e repercutiu com o público. Santiago Del Moro, apresentador do Gran Hermano, logo tratou de avisar os telespectadores de que a responsabilidade do comentário é do próprio Alfa, não da emissora.

"O que eles dizem dentro da casa é com eles. Aliás, antes de entrar no programa, aqui e no resto do mundo, os participantes assinam um documento no qual dizem que são responsáveis pelas coisas que falam e pelas pessoas que nomeiam", comentou o âncora.

Porém, a situação desagradou tanto o governo a ponto de a porta-voz de Fernández, Gabriela Cerruti, emitir um comunicado sobre o caso --situação que não ocorre toda vez que Bolsonaro é chamado de "genocida" ou quando os críticos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizem que ele é "bandido", por exemplo.

"Ser uma pessoa decente e honesta é um valor irrenunciável. Por isso, solicitamos à Telefe, à produção do Gran Hermano e ao participante que se retratem e cessem essa atitude agravante", disse Gabriela em uma sequência de publicações no Twitter na última quarta (19).

Gregorio Dalbón, advogado que assessora Fernández em temas civis, compartilhou o posicionamento da porta-voz na rede social e escreveu: "Caso persista o insulto ao presidente, Fernández me instruiu a instaurar ações civis de indenização contra a sua honra. Esperamos evitar casos judiciais desnecessários com a retratação".

REPRODUÇÃO/YOUTUBE

Alberto Fernandez e Alfa

Alberto Fernández e Walter Santiago

Crise política

Segundo o Clarín, um dos principais veículos de imprensa da Argentina, o comunicado da porta-voz provocou uma crise inédita dentro do governo. Afinal, existem coisas mais importantes na cena política local do que o comentário de um participante de um reality show.

De acordo com a apuração do jornalista Ignacio Ortelli, ministros e funcionários do primeiro escalão do governo de Fernández acharam inicialmente que os tuítes eram uma fake news maliciosa. Ao confirmarem a veracidade do caso, os membros decidiram se afastar dessa história e jogaram a responsabilidade nas costas do presidente e da porta-voz.

"Outro funcionário, consultado sobre a decisão da Casa Rosada de intimar o reality e Alfa para uma retratação, compartilhou uma publicação do jornalista militante Diego Brancatelli, que disse: "1% dos argentinos escutou o que disse o fantasma do reality sobre o presidente, até a Gabriela se encarregar de que outros 99% soubessem. Ela, ou o cérebro que pensou que fazer isso era o certo, saiba que estão causando muito dano e sendo leais ao macrismo [antigo governo]. Não façam mais nada'", detalhou Ortelli na sua reportagem.

A história seguiu na pauta do noticiário político até que, na sexta (21), Fernández foi questionado sobre a atitude da porta-voz durante uma entrevista ao canal de notícias C5N. O político, que fala sobre si mesmo na terceira pessoa, respondeu: "A porta-voz disse exatamente o que eu acredito. Por isso, terminem com essa discussão. Ela disse o que o presidente pensa".

O presidente é uma pessoa honrada, que nunca participou de nenhum caso de corrupção, que nunca questionaram sua decência. Se quem me ataca é alguém muito importante ou um energúmeno, vou reagir da mesma forma porque o que estão colocando sob julgamento é a honestidade do presidente da nação, e não vou deixar que julguem isso porque sou uma pessoa honesta. Não vou ficar calado quando me agridem em coisas que não tenho nada a ver.

Em entrevista ao Clarín na última sexta, Dalbón afirmou que o presidente não deu nenhuma ordem para suspender a ofensiva jurídica contra Alfa e a produção do reality. "Não sairá de graça manchar o bom nome e a honra do presidente da nação, especialmente para a Telefe e a produção do Gran Hermano", avisou o advogado.

Ele, inclusive, já analisa datas para uma possível sessão de mediação entre o brother e o político. "Depende da agenda do presidente, porém entendo que ocorrerá antes do fim do ano", detalhou o assessor.

A previsão é que o reality show termine só em fevereiro de 2023. Dessa forma, caso Alfa chegue até a final do jogo, essa novela política ainda se arrastará durante algumas semanas.

Confira as publicações sobre o caso:


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