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Análise | Novela das nove

Vilã fraca e gays no armário: cinco motivos para esquecer Império

Fotos: Reprodução/TV Globo

Marjorie Estiano como Cora em Império; novela da Globo falhou com vilã fraca e abordagem gay - Fotos: Reprodução/TV Globo

Marjorie Estiano como Cora em Império; novela da Globo falhou com vilã fraca e abordagem gay

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 11/3/2015 - 5h24
Atualizado em 12/3/2015 - 4h27

Se compararmos Império com outras novelas de Aguinaldo Silva, é inegável que a trama que chega ao fim nesta sexta-feira (13) não foi a pior história do autor (tem, inclusive, bons momentos), mas o folhetim que também apresentou pontos negativos, sobretudo tramas requentadas e tropeços ao longo dos oito meses em que esteve no ar. Relembre cinco motivos para esquecer de vez Império:

Marjorie Estiano interpreta Cora na UTI em cena de Império exibida em fevereiro

1) Cora, a promessa

No prólogo da novela, Cora (Marjorie Estiano) prometia entrar para o rol de grandes e inesquecíveis megeras da teledramaturgia, mas no fim deixou a desejar. Drica Moraes entrou em cena e a personagem foi perdendo as cores fortes que tinha no início (não por culpa da atriz). Cora andou por Santa Tereza cheirando cueca e soltando gases, o que só a tornou digna de risos. Com a saída de Drica da novela por motivos de saúde, Marjorie retomou a personagem, que ficou ainda mais capenga ao ser rejuvenescida, bagunçando, inclusive, o tom realista que Aguinaldo Silva vinha dando à história.

José Wilker em Suave Veneno (1999) e Alexandre Nero em Império (Montagem/Divulgação)

2) Falta de originalidade

A própria trama central do comendador José Alfredo (Alexandre Nero) é uma releitura de Suave Veneno (1999), com a história do homem simples que fez fortuna e vê seu império disputado pelos filhos e bagunçado ainda mais com a chegada de uma herdeira bastarda. Além disso, Aguinaldo Silva chupinhou tramas paralelas de outras histórias suas, como Tuane (Nanda Costa), tal qual a Teodora (Carolina Dieckmann) de Fina Estampa (2011), e Robertão (Romulo Arantes Neto), o encostado que virou modelo de cuecas como Enzo (Julio Rocha), também de Fina Estampa.

Klebber Toledo (Leonardo) e José Mayer (Claudio) se entreolham: casal gay abandonado

3) Abordagem gay

No início, a novela prometia causar rebuliço com Zé Mayer, o eterno galã da televisão brasileira, no papel de um gay enrustido. Claudio teve sua saída do armário forçada e sua relação com Leonardo (Kleber Toledo) foi deixada de lado. O jovem chegou a ensaiar um flerte com Amanda (Adriana Birolli), mas depois começou um relacionamento com Duque (André Gonçalves). Para completar, Xana (Ailton Graça) ora era referida no feminino, ora no masculino. Vestia-se como mulher, mas não era travesti, apenas crossdresser, e termina a novela em um triângulo amoroso com Naná (Viviane Araújo) e Antonio (Lucci Ferreira).

Marina Ruy Barbosa (Maria Isis) e Alexandre Nero (José Alfredo) em Império

4) 'Barriga'

Lá pelo meio de Império, houve um período enorme que dava a impressão de que a novela não passava da relação do comendador com sua ninfeta Maria Isis (Marina Ruy Barbosa). Cansou o telespectador _é preciso lembrar que a novela foi esticada e, talvez se tivesse sido realizada em menos capítulos, poderia passar sem essa mancha.

Zezé Polessa (Magnólia) e Tato Gabus (Severo) em cena de Império (Divulgação/TV Globo)

5) Censura e monólogos

Um problema mais interno da emissora do que propriamente da novela. Tantas eram as cenas de sexo entre José Alfredo e Maria Isis que o folhetim chegou a sofrer cortes. O ótimo casal Magnólia (Zezé Polessa) e Severo (Tato Gabus Mendes) também teve diálogos cortados por conta do teor politicamente incorreto de suas falas, um retrocesso para a emissora. Ainda em relação às falas dos personagens, cansou ver quase todos eles falando sozinhos, recurso didático e pobre em termos de roteiro.


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