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Crítica | Novela das seis

Melodramática e incoerente, Boogie Oogie desliza no primeiro capítulo

Reprodução/TV Globo

Alessandra Negrini em cena o primeiro capítulo de Boogie Oogie, novela das seis da Globo - Reprodução/TV Globo

Alessandra Negrini em cena o primeiro capítulo de Boogie Oogie, novela das seis da Globo

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 4/8/2014 - 19h32

A década de 1970 foi um período bastante fértil para a teledramaturgia brasileira, tanto é que de uns anos para cá a Globo vem se dedicando aos remakes dos clássicos da época. Mas com Boogie Oogie, a nova novela das seis, a homenagem é explícita à icônica Dancin'Days, sucesso de Gilberto Braga de 1978, mesmo ano em que Boogie Oogie se passa.

A novela traz ainda outras referências aos anos 1970. Além do figurino extravagante e da cenografia colorida, Boogie Oogie transporta os telespectadores para o universo do surfe e também das discotecas. Aqui, a trilha sonora cumpre papel fundamental e é impossível não gerar comparações com aquela que foi usada em Pecado Mortal (2013), trama que Carlos Lombardi recém terminou na Record. Dessa vez, a concorrência saiu na frente.

É de se considerar, porém, que as cenas da discoteca que foram ao ar no primeiro capítulo ficaram muito aquém das imagens dançantes da história protagonizada por Sônia Braga em Dancin'Days. Coreografadas demais, deixaram de lado uma das principais características do período: a efervescência.

Rasgadamente melodramática, Boogie Oogie é a estreia de Rui Vilhena, autor moçambicano com experiência no gênero em Portugal, e traz uma trama folhetinesca, com um clichê clássico das novelas: a troca de bebês. Além disso, teve também o noivo que viu a noiva vestida antes do casamento e a mãe que pressente algo ruim a acontecer com o filho.

Por ser ambientada em uma época em que o teste de DNA não atormentava a cabeça dos novelistas e os recursos tecnológicos não facilitavam tanto a vida dos mocinhos e vilões, a história poderá render bons momentos, especialmente nos embates entre Sandra (Isis Valverde) e Vitória (Bianca Bin), antagonistas e, não por acaso, as bebês que foram trocadas na maternidade por Susana (Alessandra Negrini), em vingança a Fernando (Marco Ricca).

O engraçado é que o papel de vilã-mór cabe não a Susana, mas a Carlota (Giulia Gam). E por falar em vilania, destaque também para Claudia (Giovanna Rispoli), a mini-diabinha irmã da protagonista.

Marco Pigossi assume o protagonista da história, Rafael, e mostra um amadurecimento de seu trabalho que vem desde os tempos de Sangue Bom (2013). Seguro e carismático, ele conquista a história logo em sua primeira cena, em que aparece perdendo o controle da aeronave que pilotava. Também apresentaram boas atuações Alessandra Negrini, Giulia Gam e Deborah Secco (Inês).

O primeiro capítulo, porém, apresentou algumas incoerências: A) o noivo se atrasa porque o táxi em que estava quebrou. Não seria melhor pegar outro em vez de esperar o motor do carro voltar a funcionar? B) Todo o cuidado que Sandra demonstrou ter durante a prova do vestido não a impediu de sair com ele na rua, um dia antes do casório, em busca de vinagre para tirar a mancha de café derrubado por sua irmã. C) Por fim, o mocinho que voa com a explosão do avião está todo ensanguentado e ainda tira forças para ir, no capítulo de amanhã, até a igreja avisar Sandra da morte de seu noivo.

Sem medo de ser melodramática, Boogie Oogie aposta cheio em recursos conhecidos e manjados da teledramaturgia. Não é ruim, assume um caminho seguro em termos de narrativa, mas não chega a ser original. Apesar dos deslizes, a novela mostrou ter potencial. A aguardar as cenas dos próximos capítulos.

Audiência

O primeiro capítulo de Boogie Oogie cravou 18,0 pontos na Grande São Paulo, segundo dados preliminares do Ibope, empatando com o início de Flor do Caribe (2013) e Lado a Lado (2012). No confronto, a Record marcou 7,5 e o SBT, 5,5.


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