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Análise | Minissérie

Felizes para Sempre? acumula falhas, mas tem fim surpreendente

Reprodução/TV Globo

Enrique Diaz, Maria Fernanda Cândido e Paolla Oliveira em cena final de Felizes Para Sempre? - Reprodução/TV Globo

Enrique Diaz, Maria Fernanda Cândido e Paolla Oliveira em cena final de Felizes Para Sempre?

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 7/2/2015 - 0h06

A exemplo da bem-sucedida produção Amores Roubados (2013), Felizes Para Sempre?, que teve seu último episódio exibido na sexta (6), conseguiu fidelizar o público e causou furor nas redes sociais, ainda que não tenha sido uma explosão de audiência como a primeira. Apesar da boa recepção, a série padeceu de alguns problemas. 

As minisséries apresentadas pela Globo como projetos especiais no início de ano têm uma larga vantagem sobre as novelas: por serem produtos fechados, ganham um acabamento melhor, tanto em termos de direção quanto de roteiro, com tramas mais encadeadas e diálogos bem apontados, melhor apurados.

Isso não significa, porém, que Felizes para Sempre? foi isenta de defeitos: como lacuna cabe apontar a plasticidade cenográfica da série. Com fotografia impecável, apresentou uma linguagem visual que lembra demais os filmes publicitários, diferentemente do naturalismo habitual que a televisão pede.

Caprichado, o roteiro não apresentou nada novo em termos de dramaturgia, mas soube aproveitar o potencial dramático de casais infelizes e de lares em que a disfuncionalidade familiar reinava imperiosa. Diálogos adultos, fortes e apropriados (ora densos, ora bem humorados) contribuíram para a construção dessa atmosfera íntima inquietante.

Houve ali uma certa obviedade ao fazer com que o filho de Tânia (Adriana Esteves) fosse fruto de uma pulada de cerca que ela teve com o cunhado Claudio (Enrique Diaz). Ao longo dos sete episódios apresentados até a revelação, isso foi ficando cada vez mais óbvio e não foi surpresa alguma saber a paternidade do garoto.

O crime ocorrido ficou em segundo plano: mais do que “quem matou” ou “quem morreu”, o interessante era descobrir como os casais resolveriam seus problemas conjugais. O desfecho final, com Marília (Maria Fernanda Cândido) assassinando Denise (Paolla Oliveira), foi surpreendente.

Em termos de avanço, a emissora deu um passo à frente na abordagem do lesbianismo, ao retratar sem pudores (ainda que com algumas cenas cortadas) a relação entre Marília e Denise, cujas intérpretes estavam em ótimos momentos. Maria Fernanda mais fria, contida, e a Paolla com uma explosão de sensualidade que ganhou o clamor popular nas redes sociais. O sexo foi tratado sem moralismos e de forma natural; foi o combustível da história e também o elo entre todas as tramas.

Irrepreensível no papel do macho alfa cafajeste, Enrique Diaz foi um dos destaques do elenco, mas é de se reconhecer que ele precisa urgentemente melhorar sua dicção. Houve momentos em que sua fala rápida tornou-se incompreensível, um erro também da direção de atores, que, por ter tido tempo para prepará-los, deveria ter notado tal tropeço.

De um modo geral, apresentar produtos mais ousados é sempre uma iniciativa bem-vinda para um veículo tão acostumado com a industrialização das novelas como é a televisão. Mas ao mesmo tempo em que o requintado acabamento final de Felizes Para Sempre? dá mais prestígio ao produto, também faz dele alvo de maiores cobranças.


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