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Vilã carismática

Carismática e engraçada, Lilia Cabral rouba a cena em Império

Paulo Belote/TV Globo

Lilia Cabral interpreta a rica e prepotente Maria Marta em Império, novela das nove da Globo - Paulo Belote/TV Globo

Lilia Cabral interpreta a rica e prepotente Maria Marta em Império, novela das nove da Globo

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 1/9/2014 - 14h24
Atualizado em 2/9/2014 - 18h29

Depois de uma personagem plana como foi a Griselda de Fina Estampa (2011), Lilia Cabral ganhou de presente de Aguinaldo Silva o melhor papel de Império. Maria Marta, a megera da vez, é também a mocinha da novela e protagonista absoluta de todas as cenas em que participa. Muito desse sucesso se deve ao carisma de sua intérprete, mas não só.

Maria Marta é rica, prepotente, mas nem por isso deixa de agradar. Junto com Cora (Drica Moraes), é a responsável por movimentar as tramas da novela, e, assim como a outra, carrega características de outras vilãs de Aguinaldo Silva.

Se a primeira lembra muito Perpétua (Joana Fomm), de Tieta (1989), Marta traz a arrogância de Tereza Cristina (Cristiane Torloni), de Fina Estampa, e a sagacidade de Maria Altiva (Eva Wilma), de A Indomada (1997). Desta última, carrega ainda o sobrenome Mendonça de Albuquerque, um indício de pertencimento a uma aristocracia que já não existe mais.

Como toda boa vilã, Maria Marta tem seu capanga de estimação, no caso dela o servil mordomo Silviano (Othon Bastos). Causou estranheza no início ver um ator tão tarimbado como Bastos em um papel aparentemente irrelevante, mas, com o passar do tempo, ele foi revelando que sabe muito sobre a patroa e a cumplicidade dos dois pode esconder boas histórias. Além disso, toda a fleuma de Silviano casou perfeitamente com a empáfia da Marta.

E o que falar da sucessão de frases engraçadas que saem da boca da madame? “A única coisa que eu gosto de espiar são vitrines. Em Paris”, disse ela a Cora, ao deixar claro que não plantou uma espiã em Santa Tereza. Em outra ocasião, ao se referir ao marido, o comendador José Alfredo (Alexandre Nero), soltou: “Por mais que beba champanhe, arrota cachaça”.

A cena em que ela e José Alfredo transam, depois de o marido chegar bêbado em casa, foi linda, sem exageros. Lilia Cabral brilhou sozinha, especialmente depois de Marta acordar e ouvir Zé Alfredo balbuciar o nome da amante, não o seu. A posterior briga com ele culminou, como não poderia deixar de ser, em mais um show de frases. Ao escutar que o comendador estava passando mal, Marta tripudiou: “Morra, que 50% da sua fortuna virá para o meu bolso!”.

Outra cena marcante foi um raro momento de ternura da vilã, quando ela se reconcilia com o filho João Lucas (Daniel Rocha). Desta vez, ela guardou seu arsenal verborrágico e esbanjou emoção. Já a escolha da canção que embala a personagem não foi aleatória. Dona, sucesso do grupo Roupa Nova, já serviu de tema para a icônica Porcina (Regina Duarte), de Roque Santeiro (1985). Tal qual a viúva que foi sem nunca ter sido, Maria Marta já começa a conquistar os telespectadores.

Sem surpresas, Lilia Cabral está tão à vontade que consegue tirar da personagem toda a carga de antipatia que ela carrega. É impossível não torcer para que Maria Marta tenha um final feliz ao lado do comendador, apesar de ela aprontar tanto. 


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