Análise | Teledramaturgia
Paulo Belote/Globo
A atriz Bianca Bin em cena como Maria, sua personagem na novela Eta Mundo Bom!
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 28/3/2016 - 5h28
É fato raro, mas não impossível, quando uma atriz coadjuvante chama mais a atenção do que a mocinha em uma novela. Os casos mais exemplares são de Carolina Dieckmann em Vira Lata (1996) e Alinne Morais em Viver a Vida (2010), que ofuscaram o protagonismo de Andrea Beltrão e Taís Araújo, respectivamente. É exatamente isso o que está ocorrendo em Eta Mundo Bom!, a trama das seis da Globo. Bianca Bin, com a empregada Maria, está roubando a cena da mocinha de Débora Nascimento, Filomena.
Carismática e segura no papel, Bianca vem crescendo na história. Um crescimento, aliás, que marca a trajetória da atriz na TV. Na temporada de 2009 de Malhação, Bianca já apresentava nuances interessantes para uma jovem em seu primeiro papel. Logo foi alçada ao horário das nove, com a sofredora Fátima de Passione (2010).
Caiu, então, nas graças do público, virou protagonista de Cordel Encantado (2011) e desde então não passou um ano sequer fora do ar: Guerra dos Sexos (2012), na pele da vilã Carolina, Joia Rara (2013) e Boogie Oogie (2014/2015), as duas últimas em papéis principais. Agora em Eta Mundo Bom!, estranhamente ganhou uma personagem coadjuvante, mas que pouco a pouco conquista espaço na novela e joga para escanteio a protagonista sem sal de Débora Nascimento.
Walcyr Carrasco foi habilidoso e soube conduzir o caminho de Maria de maneira bastante sutil, sem comprometer sua narrativa. Aos poucos, a história da moça foi ganhando importância dentro da trama: grávida, foi expulsa de casa pelo pai. Acolhida por Anastácia (Eliane Giardini), enfrenta as hostilidades de Sandra (Flavia Alessandra) e Celso (Rainer Cadete), por quem nutre um carinho. Recentemente, passou por um trabalho de parto complicado e, como desgraça pouca é bobagem, teve de lidar com a morte da mãe.
As cenas que divide com Eliane Giardini são ótimas. As duas atrizes acertaram o tom das atuações, sem exageros e não caíram no melodrama barato. Bianca teve também bons momentos com Rainer Cadete, ainda que o ator seja bem menos versátil do que ela e, consequentemente, ofuscado no vídeo _suas falas parecem empostadas, reparem.
Maria ainda tem tudo para ser chave central na solução do mistério que envolve o protagonista Candinho (Sergio Guizé) e Anastácia. Celso, apaixonado por Maria, é o único que sabe das armações de Sandra e Ernesto (Eriberto Leão) para enganar a empresária e colocar a mão na herança do caipira. O amor de Maria é o que pode fazer com que ele titubeie e revele toda a verdade. É claro que isso ainda deve demorar, afinal, a novela tem meses pela frente (vai até setembro).
Correndo por fora na outra ponta, Filomena até teve uma guinada em sua trajetória. Deixou para trás o forte sotaque do interior que empregava no começo da novela (uma mudança bastante brusca e inexplicada, diga-se de passagem) refinou-se e agora provoca os encantos do Comendador Fragoso (Luiz Gustavo), um tipo rico que fará com que ela mude de vida. Ainda assim, é inegável que o peso da personagem perdeu força na história.
Sem muito esforço, Bianca Bin mais uma vez destaca-se em uma novela. Não deve demorar muito para que ganhe o protagonismo de um folhetim das nove. Talento não lhe falta.
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