Claudia Di Moura
Reprodução/TV Globo
Zefa (Claudia Di Moura) em cena de Segundo Sol; atriz estreia na TV aos 53 anos
MÁRCIA PEREIRA, no Rio de Janeiro
Publicado em 13/6/2018 - 5h44
Claudia Di Moura faz sua estreia em uma novela aos 53 anos. Baiana e negra, ela foi selecionada para viver a Zefa de Segundo Sol após uma pesquisa da produtora de elenco Vanessa Veiga, que cadastrou 400 atores negros na Bahia. Em meio à polêmica da falta de representatividade na trama, Claudia afirma que faltam negros em todos os setores da dramaturgia e revela que foi o racismo que a levou para os palcos.
"Virei atriz por causa do preconceito da Igreja Católica. Eu sempre quis ser anjo da igreja, e nunca pude ser. Sempre era a primeira menininha a chegar para colocar meu nome na lista e diziam que estava lotada. Eu cansava de chegar primeiro, madrugava. Aí, para compensar a minha tristeza, eles me davam uma poesia para declamar. Eu colocava a dor de não ser anjo aí", desabafa a estreante.
Claudia pegou gosto pela "tribuna" e chega ao horário nobre da TV após 34 anos de carreira no teatro. O debate inflamado pelas redes sociais sobre racismo antes mesmo do início da trama é algo que permeia a vida da atriz.
"Não tem negros escrevendo. O branco não pode falar da dor do negro, o branco nasceu salvo. É por isso que a gente luta. É para termos diretores negros, escritores negros, dramaturgos negros, apresentadores negros", declara.
Claudia diz que o negro sente falta de se reconhecer na TV. Afirma que a Bahia negra vai além de Lázaro Ramos, astro da Globo, bem-sucedido no teatro e no cinema.
"Atrás de Lázaro tem uma renca. Tem grandes artistas bons, pretos ou não, porque o manifesto é pelo artista baiano", fala.
Quem vê Claudia como Zefa não imagina o tom de voz firme e seguro que ela imprime ao falar sobre o assunto. Em Segundo Sol, sua personagem é submissa até no jeito de falar. Mesmo tendo sido o grande amor de Severo (Odilon Wagner) e tido com ele um filho branco e outro negro, ela o chama de senhor até quando eles estão falando da relação que tiveram.
Zefa é a empregada que deu amor a Edgar (Caco Ciocler), o filho que entregou para Claudine (Cássia Kis) criar como se fosse seu. É a mulher que o ocupa o posto de mãe de Manuela (Luisa Arraes), a menina adotada pela família rica.
"Eu costumo dizer que ela é uma mulher que tem uma alma encharcada de amor. Uma mulher que pensa com o útero, uma mulher que passa a vida inteira com as mãos estendidas para a amizade, o amor e a criação dos filhos."
E ela acha que essa mulher ainda existe nos dias de hoje? "Embora esteja cada vez mais difícil a gente ver pessoas abdicando da sua vida para cuidar do outro, existe."
Severo se mostra cada vez mais sem escrúpulos, mas o autor João Emanuel Carneiro pretende mostrar que ele foi um homem que amou de verdade Zefa. Filho de fazendeiros, ele não pôde viver esse amor e foi obrigado a se casar com uma mulher da mesma classe social. Isso, porém, não mudará o rumo da guerra que começa a ser traçada por pai e filho na novela.
Roberval (Fabrício Boliveira) começou sua vingança e conseguirá ver os Athayde na pindaíba já nos próximos capítulos. O personagem não perdoa a mãe por ter escolhido ficar com os patrões em vez dele. Isso porque o empresário sequer imagina que Edgar também é filho de Zefa com Severo.
"Ela acredita que ali [na mansão] está a família dela. Não sei se por imaturidade ou ingenuidade, ela tirou de Roberval o direito que seu outro filho, Edgar, teve. Ainda há muita coisa para acontecer, a novela está só no começo", despista a atriz.
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