Vestido de noiva de Juma em Pantanal dá trabalho dobrado para ex-detentas

Desenvolvido por várias mãos, o vestido de noiva de Juma (Alanis Guillen) deve brilhar no aguardado casamento da mocinha de Pantanal. Cada etapa de produção foi conduzida por um projeto social: desde o corte do couro usado, processo que ficou sob a responsabilidade de egressas do sistema prisional do Espírito Santo, até a modelagem com crochê e tricô, que contou com o trabalho de artesãs. A criação da peça de roupa da novela das nove da Globo ficou ao encargo de Jacqueline Chiabay.

Marie Salles, figurinista do folhetim de Bruno Luperi, conhecia o trabalho da estilista há um bom tempo. Jacqueline costuma se debruçar em criações que misturam o crochê e o tricô com tiras de couro. A pegada simples e conectada com a natureza era justamente o que ela procurava para traduzir o espírito de Juma.

Ainda assim, a mocinha dará um chilique. Transtornada com a cerimônia e incomodada com o vestido, a "onça" arrancará até os acessórios que a figurinista havia desenvolvido. "A gente quis fazer um arranjo todo com flores secas, com sobras de couros, mas, no dia do casamento, ela não usa porque vai tirar o arranjo, tirar os sapatos e se casar descalça", conta Marie em entrevista enviada à imprensa pela Globo nesta terça (12).

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Vestido de noiva de Juma é feito com tricô e crochê a partir de tiras de couro

Apesar do uso rápido, o vestido carregará consigo uma história longa. Jacqueline Chiabay costuma usar as sobras da indústria têxtil. Dentre elas, os pedaços de couro que seriam descartados.

O corte manual do tecido, então, ficou sob a responsabilidade do projeto Novas Marias, com ex-detentas. Assim, elas conseguem uma renda fixa após deixarem os presídios.

Na sequência, o couro, já em tiras, foi para o ateliê da estilista. Como o vestido mistura tricô e crochê, a roupa também passou pelas mãos de moradoras de comunidades rurais do Espírito Santo.

"O propósito desse projeto é a sustentabilidade do início ao fim do processo. Além da Jacqueline e sua equipe prolongarem a vida útil dessa matéria-prima, o couro de caprino de abate –que é descartada erroneamente, podendo ser muito prejudicial para o meio ambiente–, elas o transformam em objetos de decoração e de moda, cheios de conteúdo e com a verdadeira humanização do vestir e do usar, através do fazer artesanal", explica a figurinista.

Vestido de Muda foi costurado nos Estúdios Globo (RJ)

Jove (Jesuita Barbosa), por sua vez, deixará as formalidades de lado para se casar como um exímio pantaneiro, com direito a guaiaca e faixa pantaneira. Até as cores escolhidas remeterão ao "clã" de seu avô Joventino (Irandhir Santos). O ocre e o brim, de certa forma, representarão a família Leôncio.

Se o vestido de Juma percorreu quilômetros para chegar ao corpo da noiva, o modelo de Muda (Bella Campos) não saiu dos Estúdios Globo. As costureiras e a equipe de adereços tiveram trabalho dobrado para confeccionarem a peça, que também tinha de trazer um ar natural.

"São dois tecidos, um transparente com textura, e um tecido floral, embaixo. Quando ela anda, esse tecido floral aparece, com estampas bem miúdas. E, na cabeça, ela tem também uma guirlanda de flores secas, nas cores rosa, lilás, que acompanham a estampa do vestido", adianta a profissional.

Os convidados também estarão a caráter. Do vestido simples de Zefa (Paula Barbosa) ao modelo vibrante de Filó (Dira Paes), Marie pensou em cada detalhe. Até Ari (Claudio Galvan) deixará seu "câmbio" para trás e se arrumará todo para o casamento.

Veja fotos dos noivos e dos convidados:

Muda e Tibério (Guito) se casam em Pantanal

José Leôncio (Marcos Palmeira) e Filó (Dira Paes)

Zefa (Paula Barbosa) com Tadeu (José Loreto)

Irma (Camila Morgado) e Mariana (Selma Egrei)

Escrita por Benedito Ruy Barbosa, a novela Pantanal foi exibida em 1990 pela extinta Manchete (1983-1999). O remake da Globo é adaptado por Bruno Luperi, neto do autor.

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