Terra e Paixão pega em armas e escancara retrocesso no Brasil pós-Bolsonaro

Em menos de oito horas, a programação da Globo mostrou como a relação dos brasileiros com armas de fogo mudou nos últimos anos. Na terça (7), Miguel (Tony Ramos) se propôs a participar de uma passeata a favor do desarmamento em Mulheres Apaixonadas. Mais tarde, o mesmo ator apareceu com um revólver na mão --lavando a honra de Antônio com sangue em Terra e Paixão.

O folhetim de Manoel Carlos foi fundamental para pressionar a opinião pública em prol do Estatuto do Desarmamento em 2003. A cena em que Miguel e Fernanda (Vanessa Gerbelli) são vítimas de balas perdidas parou o Brasil e rendeu um dos recordes de audiência da produção.

Curiosamente, a atual novela das nove também atingiu a sua melhor marca graças a uma cena em que as armas de fogo estavam em evidência. O tiro disparado por Antônio no peito de Vinícius (Paulo Rocha) rendeu o maior ibope na faixa desde o final de Pantanal (2022).

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A história de Walcyr Carrasco e Thelma Guedes, inclusive, é uma tentativa da Globo de recuperar aquele público mais conservador, que se afastou dela durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Não à toa, a trama se passa no Mato Grosso do Sul --e com o agronegócio como pano de fundo.

O setor, que representa uma das principais forças econômicas do país, foi uma das bases para o governo do ex-presidente. Com o sertanejo em alta e o crescimento das cidades no cinturão do agro, a líder de audiência tem se interessado mais por esse universo.

Bolsonaro, diga-se de passagem, foi justamente o responsável por colocar fim à política antiarmamentista que havia se iniciado ainda no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo dados do Instituto Sou da Paz e do Instituto Igarapé, mais de 1 milhão de armas entraram em circulação no país após mais de 40 decretos bolsonaristas. O número voltou a cair no início do terceiro mandato do petista.

Terra e Paixão é escrita por Walcyr Carrasco e Thelma Guedes. A história é ambientada na fictícia cidade de Nova Primavera, em Mato Grosso do Sul. A trama ficará no ar até 19 janeiro do ano que vem e será substituída pelo remake de Renascer (1993). 

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